Há um ano, morria o músico Flávio Henrique; febre amarela ainda merece atenção

Cinthya Oliveira
17/01/2019 às 14:00.
Atualizado em 05/09/2021 às 16:05
 (Wesley Rodrigues/Hoje em Dia)

(Wesley Rodrigues/Hoje em Dia)

Nesta sexta-feira (18), completa-se um ano da morte do músico e compositor Flávio Henrique Alves de Oliveira. O então presidente da Rádio Inconfidência morreu devido a complicações da febre amarela, doença que matou 340 pessoas em Minas Gerais entre 2016 e 2018.

Doze meses depois, a epidemia foi controlada. Desde julho do ano passado, nenhum caso de febre amarela foi registrado no Estado. Mas isso não quer dizer que a população possa ficar completamente tranquila.

De acordo com a Secretaria de Estado de Saúde (SES-MG), com a chegada das chuvas e aumento das temperaturas, as medidas de prevenção contra a doença se tornam ainda mais importantes, uma vez que o período de maior probabilidade de ocorrência de casos da doença é entre os meses de dezembro e maio.

A melhor forma de se prevenir é a vacina, aplicada em dose única, conforme recomendação da Organização Mundial da Saúde. Mais de 3 milhões de moradores de Minas Gerais ainda não teriam sido vacinados. “Como medida adicional, para a população mais exposta à circulação do vírus, recomenda-se também a utilização de repelente”, afirma Mariana Gontijo, Coordenadora de Zoonoses e Vigilância de Fatores de Risco Biológicos da SES-MG.

Embora não tenha sido registrado caso de morte em humanos por febre amarela nos últimos seis meses, o Estado continua monitorando as mortes de macacos em cidades mineiras – foram registradas ocorrências em 137 municípios. Desde julho, houve a confirmação de uma morte de primata pelo vírus da febre amarela, em Varginha, no Sul de Minas.

Trabalho de contenção

Para conter a epidemia de febre amarela, a SES-MG investiu na ampliação da vacinação. Em 2014, a cobertura vacinal girava em torno de 40% e, no final de 2018, era de 91,4 %. Foram aplicados incentivos financeiros complementares de mais de R$ 5 milhões repassados para intensificação da Campanha Nacional de Vacinação. Além disso, houve repasse de R$ 60 milhões aos 853 municípios para estruturação de 3.412 salas de vacina que já funcionam em Unidades de Saúde do Estado.

“Desde o início das notificações dos casos suspeitos de febre amarela silvestre que ocorreram no Estado, no final de 2016, foram adotadas diversas ações, entre elas a realização da vacinação casa a casa, nas regiões mais afetadas, na tentativa de atingir a população não vacinada”, explica Mariana.

Trabalhadores rurais, pessoas que fazem turismo ecológico, agricultores, extrativistas e outras pessoas que adentram áreas de matas eram o foco dos agentes de saúde.

“Além da vigilância constante nas áreas de maior risco para a ocorrência da doença, a SES-MG realizou diversas videoconferências e capacitações sobre coberturas vacinais e vigilância da febre amarela”, diz Mariana. Segundo a coordenadora, houve ainda investimento em ações educativas de mobilização social para eliminação de criadouros do mosquito Aedes aegypti em municípios infestados.

E a busca pelos não vacinados continua sendo realizada por agentes de saúde, já que a meta é alcançar a cobertura vacinal de 95%. Estima-se que 3,1 milhões de mineiros, especialmente na faixa etária dos 15 aos 59 anos, ainda não se vacinaram.

Quase 20% dos municípios mineiros ainda não alcançaram a taxa de 80% de cobertura vacinal. Por outro lado, 42% das cidades bateram a meta de vacinar 95% da população.

Há um ano

Quando Flávio Henrique morreu, em 18 de janeiro de 2018, a população mineira ficou ainda mais atenta sobre os perigos da doença que chegava a diferentes áreas do Estado. Se antes as pessoas tinham acesso apenas a números referentes à febre amarela (naquele momento, tinham sido confirmadas 15 mortes em um mês), com a morte do artista pode-se ter acesso a uma história de luta contra o vírus devastador. A vítima era uma pessoa conhecida publicamente e moradora de Belo Horizonte.

Um dia antes da morte do artista, o Hoje em Dia publicou uma matéria que mostrava a imensa busca por vacinas nos postos de saúde de Belo Horizonte, deixando muitos estoques zerados. Até mesmo a rede particular ficou sem vacinas após a grande procura daquele momento.

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