Higienização excessiva e produto de limpeza aumentam casos de alergia na pandemia

Luisana Gontijo*
lgontijo@hojeemdia.com.br
06/09/2020 às 21:38.
Atualizado em 27/10/2021 às 04:28
 (Maurício Vieira)

(Maurício Vieira)

Quem já tinha as reações viu os sintomas piorarem. Outros, que sequer reclamavam, agora convivem com os incômodos. As alergias estão pipocando na pandemia. Pele vermelha, feridas nas mãos e no rosto, coceira, espirro e coriza, só para citar alguns exemplos, são sinais do organismo pedindo socorro. Não há números relativos ao aumento dos casos, mas a procura por ajuda é comprovada nos consultórios particulares, clínicas e hospitais.Maurício VieiraMaria Sílvia Laborne Alves de Sousa atesta a procura maior durante a pandemia

Os gatilhos para os desconfortos – sem o devido tratamento podem desencadear situações graves ou até matar – são a higienização excessiva por sabonete ou álcool em gel e o uso desenfreado dos produtos de limpeza na casa, como a água sanitária. O estresse em meio ao turbilhão de mudanças e incertezas trazidas pela Covid-19 também pode intensificar os problemas cutâneos e respiratórios.

Aliado a isso, outro agravante é a atual época do ano, com dias mais quentes e secos. Mas, não há motivo para pânico – apenas para alerta. Especialistas reforçam ser possível manter os cuidados para barrar o coronavírus sem agredir o corpo. Evitar excessos e escolher bem os produtos na hora da faxina, dando prioridade para aquele que são neutros.

Proprietária de uma clínica de estética em BH, a médica Paula Laguardia Spies avalia que há um certo exagero no uso do álcool 70%. Em alguns casos, o problema pode ser maior do que o simples incômodo. “A ponto de haver risco de uma alergia generalizada. Processos alérgicos não costumam atingir só o lugar de contato. Podem levar a uma urticária, por exemplo, atingindo todo o corpo”, ressalta.

Procura

Chefe da Clínica de Dermatologia da Santa Casa de BH, Maria Sílvia Laborne Alves de Sousa atesta a procura maior durante a pandemia. “O que mais atendo no consultório é exatamente is[/TEXTO]so: alergias, manifestações no rosto e queda de cabelo”. 
</CW>Conforme a especialista, a pele tem o manto lipídico de lubrificação – uma espécie de película que protege a epiderme –, que sofre perdas no decorrer dos anos. Nesta época do ano, essa barreira natural diminui e o excesso de limpeza se torna um agravante. “É preciso hidratar”, afirma.

Coordenadora do curso de Estética e Cosmética das Faculdades Promove, Patrícia Barros Carvalhaes também pondera que muitas pessoas estão se esquecendo da hidratação da pele após a higienização. Como alternativa, a docente recomenda o uso de álcool em gel com hidratante na fórmula.

Estresse

Não bastassem as alergias, o estresse pode provocar reações no maior órgão do corpo. Aumento da oleosidade e acne também são efeitos da pandemia na pele de algumas pessoas, devido ao nervosismo e ansiedade.

Para se cuidar, além de tentar controlar as emoções, é preciso buscar ajuda.

Máscaras

Principal aliada de quem precisa ir às ruas durante a pandemia, a máscara também requer cuidados. Tem muita gente usando água sanitária para desinfetar o equipamento de proteção, mas o excesso de zelo pode provocar reações na pele. O ideal é usar, sempre, sabão neutro. 

Socorro

Quem perceber que está apenas com a mão seca, sem irritações ou manchas, deve usar hidratantes. Mas, se a pessoa tem alguma lesão ou irritação deve procurar um médico. A maioria dos tratamentos é por medicamento. Mas cada paciente deve ser avaliado conforme a manifestação alérgica. Alguns casos demandam um acompanhamento continuado, e não só durante as crises.

 *Com Renato Fonseca


 

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