'Hora do sim' adiada: coronavírus força noivos a remarcar casamentos

Renata Galdino
rgaldino@hojeemdia.com.br
19/03/2020 às 21:08.
Atualizado em 27/10/2021 às 03:01
Projeto permite que instituições religiosas restrinjam uso dos banheiros por sexo biológico e não por identidade de gênero (Riva Moreira)

Projeto permite que instituições religiosas restrinjam uso dos banheiros por sexo biológico e não por identidade de gênero (Riva Moreira)

Faltando apenas 19 dias para cravar o “sim” para o noivo, diante de 250 convidados, Luciana Lanza teve que tomar outra decisão: adiar a tão sonhada cerimônia de casamento por quatro meses. Por conta da pandemia causada pelo novo coronavírus, a advogada, de 36 anos, e Paulo Mendes, de 48, desistiram de colocar várias pessoas em um mesmo local, o que poderia aumentar o risco de contaminação.

Vários outros casais estão sendo obrigados a remarcar a união religiosa e a festa. A medida deve se tornar ainda mais comum após a proibição, ontem, pelo governo do Estado, de eventos e reuniões de qualquer natureza, privados ou públicos, com mais de 30 pessoas.

Para Luciana Lanza, a saída foi transferir de 4 de abril para 15 de agosto a cerimônia, a ser realizada em um condomínio fechado em Nova Lima, na Grande BH. “Batemos o martelo sobre isso na última terça-feira. Várias pessoas importantes para nós nem viriam mais de São Paulo e do Rio de Janeiro. Agora temos que nos conformar”, diz a noiva.

A negociação com os fornecedores foi tranquila. “Foram solidários. Só gastamos mais tempo para achar uma data em que todos estivessem disponíveis”, contou.

Só em 2021
Para cerca de 30 casais que selariam a união na Paróquia da Boa Viagem, na capital, a escolha não foi tão fácil. Lá, atualmente, não são realizados casamentos, por causa da reforma no templo. Mas as celebrações seriam retomadas com a reinauguração da nave, em junho.

Segundo a assessoria da igreja, o adiamento compreende as cerimônias até julho. Porém, as remarcações até agora foram para 2021, já que as noivas querem se casar à noite – e antes do ano que vem, só havia vaga de dia.

“É preciso ter muito jogo de cintura. Há casais que devem repensar bastante e até abrir mão de alguma coisa. Eventos que seriam realizados no sábado, por exemplo, estão sendo remanejados para sexta-feira ou domingo”, destaca a produtora de eventos Andreia Savassi. Até o momento, seis clientes dela reagendaram as cerimônias que aconteceriam de abril a junho: uma foi para julho e o restante para depois de setembro.

Emocional

O trabalho dos profissionais vai além de ajudar na escolha do novo dia do sim. “Fazemos até as vezes de psicólogos. O abalo emocional está sendo imenso. Há pessoas que chegaram a dizer que, depois disso e tantas outras coisas que aconteceram, não deviam se casar. Acham, inclusive, que a culpa é delas”, conta Andreia.

Mas o momento não deve ser encarado assim, alerta a psicóloga clínica Sirlene Ferreira. “É melhor adiar tendo a certeza de que o casamento vai acontecer em outro momento do que correr o risco de não ter mais as pessoas queridas, que estarão na celebração, ao lado do casal. É por um motivo maior e atípico. No mundo real, não temos controle de tudo”, explica.

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