(Serginho Auê)
Uma reunião agendada para a manhã de sexta-feira (3) pode decidir o futuro do Hospital Cura Dars, único da cidade de Machacalis, no Vale do Mucuri, que está fechando as portas por falta de recursos. O Pronto-Socorro suspendeu o atendimento na últimasegunda-feira (30) e, apenas 12 dos 52 leitos disponíveis estavam ocupados nesta quinta-feira (2). A dívida é superior a R$ 800 mil. Mantido pela Sociedade São Vicente de Paulo e com atendimento oferecido pelo Sistema Único de Saúde (SUS), o Cura Dars é referência para cerca de 26 mil pessoas. Além dos sete mil moradores de Machacalis, ele atende a população de Umburatiba, Santa Helena de Minas e Bertópolis, - as duas últimas sedes das aldeias Água Boa e Pradinho, onde vivem dois mil índios Maxakali. A média era de 60 atendimentos por dia. Esses quatro municípios faziam repasses mensais ao hospital mas, segundo o administrador Fernando Novais, as prefeituras suspenderam as verbas a partir de outubro e, desde então, os fornecedores, médicos e funcionários estão sem receber. Sem salários, os sete médicos cruzaram os braços na última segunda-feira. Um profissional de Teófilo Otoni está na cidade atendendo os internados. “Sabemos que os municípios estão sem dinheiro, mas vamos conversar com os prefeitos e buscar uma solução. Só com repasses do SUS é impossível manter o hospital aberto porque não cobre sequer as despesas”, explica. Segundo Novais, os quatro municípios devem juntos R$ 106 mil ao hospital. Os repasses que faziam são aprovados por lei municipal. As maiores contribuições eram feitas pelas prefeituras de Machacalis e Bertópolis, com R$ 16 mil e R$ 7,8 mil mensais, respectivamente. Com o fechamento do Pronto-Socorro do Hospital Cura Dars, os doentes estão sendo levados para Águas Formosas, a 25 quilômetros, onde a reunião será realizada nesta sexta-feira (3), na sede do Consórcio Intermunicipal de Saúde. Na terça-feira, moradores de Machacalis protestaram contra o fechamento. Crise A crise no Hospital Cura Dars não é nova. Segundo o administrador Fernando Novais, os atuais gestores assumiram a unidade de saúde em março, quando a dívida era de cerca de R$ 800 mil. Parte desse montante foi paga e a outra negociada. “De lá para cá os pagamentos dos médicos e funcionários estavam sendo feitos em dia, mas, sem a verba das prefeituras, atrasou de novo”.