'Imunidade' para Covid-19 pode durar apenas três meses, indica estudo

Da Redação
22/06/2020 às 16:29.
Atualizado em 27/10/2021 às 03:50
 (Lucas Prates)

(Lucas Prates)

Um estudo chinês publicado pela revista Nature Medicine indicou que os níveis de anticorpos encontrados em pacientes recuperados da Covid-19 diminuem dois a três meses após a infecção. A pesquisa, que levanta dúvida sobre a duração da imunidade sobre o novo coronavírus, foi feito com 37 pacientes sintomáticos e 37 assintomáticos.

O estudo ainda é preliminar, mas já levanta uma dúvida sobre o “passaporte da imunidade”, ou seja, um documento que indicaria se a pessoa já possui anticorpos para o vírus e, assim, poderia voltar normalmente ao trabalho.

Os chineses observaram que, em mais de 70% dos pacientes avaliados, houve declínio acentuado nos anticorpos após 90 dias.

O trabalho verificou que a maioria dos pacientes produziu anticorpos para o novo coronavírus, especificamente IgG e IgM, sendo que estes últimos têm uma menor duração. Já o igG, detectado de maneira mais tardia nos exames, é mais duradouro. Verificou-se a produção de anticorpos nos dois grupos estudados, mas a presença de anticorpos foi mais ampla entre os sintomáticos.

A Organização Mundial da Saúde (OMS) já havia feito um alerta de que não é possível, ainda, afirmar que as pessoas que tiveram contato com o vírus estariam imunes e não teriam uma reinfecção.

De acordo com o médico Estevão Urbano, presidente da Sociedade Mineira de Infectologia, o estudo é preliminar e não é possível saber ainda se isso interfere em uma possível "imunidade de rebanho" - quando boa parte da população já teve contato com um vírus e está imunizada, o impedindo de circular. Mas o dado deixa claro que todas as pessoas que já ficaram doentes devem manter os cuidados - distanciamento social, higinenização das mãos e uso de máscaras - para não correrem o risco de uma reinfecção. 

Mesmo com esse estudo publicado pela Nature, o infectologista e professor da UFMG Unaí Tupinambás explica que existe uma estimativa de que a pessoa que teve contato com o vírus tenha imunidade por pelo menos um ano - segundo ele, pessoas com a SARS de 2003 e MERS 2012 mantiveram os anticorpos por muito tempo. Isso porque a a resposta imune celular parece ser muito importante contra os coronavírus humanos, e não só a resposta mediada por anticorpos. "O título de anticorpo pode cair, como mostra essa pesquisa feita com casos pouco sintomáticos ou assintomáticos, mas assim que o organismo entrar em contato com qualquer epítopo (espículas) do vírus, haverá ativação das células de memória, e o titulo de anticorpo subirá rapidamente", explicou.

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