Incêndio no 20º andar de prédio da Praça 7 deixa nove vítimas e trânsito caótico; veja vídeos

Daniele Franco e José Vítor Camilo
19/06/2019 às 13:00.
Atualizado em 05/09/2021 às 19:11
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Dez pessoas foram hospitalizadas após um incêndio no edifício Clemente de Faria, um dos mais tradicionais de Belo Horizonte, localizado na Praça 7, no Centro da capital, no início da tarde desta quarta-feira (19). O edifício comercial precisou ser completamente evacuado devido às chamas que começaram em uma sala do 20º andar. 

De acordo com o Corpo de Bombeiros, cinco viaturas e 25 militares foram empenhados no combate às chamas no prédio, que começaram por volta de 12h20 e às 14h já haviam sido controladas. De acordo com o capitão Gustavo Couto, o incêndio começou em uma empresa de contabilidade. Um funcionário relatou aos militares que viu fumaça saindo por debaixo da porta de uma sala de arquivos do recinto e quando foi abri-la, notou que a maçaneta ja estava quente.

Ao entrar no local, o trabalhador se deparou com o fogo já com volume alto. Segundo o capitão Couto, os funcionários tentaram debelar as chamas com extintores, mas o fogo já estava alto demais. "A nossa suspeita é que tenha começado no sistema de climatização, mas ainda é cedo para afirmar", declarou.

Ainda segundo o militar, o Auto de Vistoria do Corpo de Bombeiros (AVCB) do prédio ainda não estava liberado. "Verificamos que a edificação estava no processo e ainda faltava a vistoria final para a liberação do documento", pontuou. Indagado sobre a necessidade de um alarme de incêndio do edifício, o capitão Couto afirmou que ela depende do que foi colocado no AVCB, o que ainda não é conhecido pelos bombeiros.

Wagner Lima é o proprietário da empresa que utilizava a sala e contou que ninguém trabalha no espaço onde o fogo começou, que funciona como um depósito de arquivos. "O nosso funcionário foi até lá deixar uma caixa de documento e viu que estava pegando fogo, e como era um lugar onde só havia papel, as chamas se espalharam muito rápido", lembra. Conforme o empresário, o escritório de contabilidade funciona no andar de baixo. "Perdemos documentos de arquivos antigos, mas, felizmente, nada irrecuperável", declarou.

Apesar dos bombeiros terem declarado que a suspeita inicial era de que o fogo começou em um sistema de refrigeração, segundo o dono da empresa, não há sistema de ar na sala. "Aparentemente foi um curto circuito, pois, no local onde as chamas começaram existia uma tomada", concluiu.

Além do edifício onde ocorreu o incêndio, outros dois prédios ao lado também foram evacuados. O capitão declarou, no entanto, que até o momento não foi identificado dano significativo à estrutura do prédio que possa levá-lo abaixo.

Ambulâncias socorreram as dez pessoas, que se intoxicaram após inalarem fumaça, sendo que somente sete delas chegaram a dar entrada no Hospital de Pronto-Socorro (HPS) João XXIII, também no centro da capital. De acordo com a Fundação Hospitalar de Minas Gerais (Fhemig), entidade responsável pela unidade de saúde, trata-se de seis homens e uma mulher, sendo que todos estão estáveis e conscientes. 

Trabalhadores relatam pânico

O Hoje em Dia conversou com um homem de 32 que trabalha no prédio, dois andares abaixo do local onde as chamas começaram. Segundo ele, a salas foram evacuadas e os funcionários aguardam para saber se poderão voltar a trabalhar. 

"Eu estava no meio do expediente, realizando algumas tarefas no computador, quando outros funcionários vieram correndo gritando: fogo, fogo. Tivemos que largar tudo ligado e, quando saí no corredor, já vi aquela movimentação, as pessoas correndo pela escada. A orientação era não descer no elevador. A gente teve que descer 18 andares de escada, mais de 30 lances, todo mundo correndo. Aquela confusão, tumulto, medo de cair e ser atropelado", relata o trabalhador, que pediu para não ter o nome publicado.

Ainda segundo ele, quando chegaram ao térreo, militares dos bombeiros já orientavam todos sobre para qual lado se direcionar. "Tinham pedaços de vidro caindo do prédio na calçada, por isso eles isolaram a entrada do prédio. Só quando a gente saiu e olhou pra cima foi que a gente viu o tanto de fumaça e fogo. Foi aí que a gente teve noção do tamanho. Não sei se vão liberar a entrada no prédio hoje mais", acrescentou. 

A corretora de seguros Juliana Davite estava no sétimo andar do edifício quando o fogo começou. "Sentimos o cheiro de queimado primeiro, mas não descemos, aí uma colega que passou pela rua ligou pra gente e falou que nosso prédio estava pegando fogo", relatou. Segundo Juliana, ela e a colega que estava na sala sentiram o aumento da temperatura quando saíram, mas nenhum alarme soou no local.

Trânsito 

Segundo a BHTrans, o trânsito precisou ser interditado no sentido Centro-Mangabeiras da avenida Afonso Pena por conta do combate ao incêndio. Os motoristas que passam pelo local precisam passar pela rua Curitiba, avenida Amazonas e, em seguida, assessar a rua Tamoios para retornarem à Afonso Pena. O trânsito na região é caótico. 

O edíficio

Construído entre 1946 e 1950, o prédio foi erguido a princípio para sediar o Banco da Lavoura de Minas Gerais. Seu nome, Clemente de Faria, é uma homenagem ao fundador da instituição financeira, que chegou a ser uma das maiores do país. Com 23 andares, ele foi um dos primeiros arranha-céus de Belo Horizonte, ao lado do Edifício Mariana e do Acaiaca, ambos construídos também na década de 40. 

Na década de 70, o Banco da Lavoura acabou desmembrado entre o Banco Real (atual Santander) e o banco Bandeirantes, que acabou virando depois o Unibanco e atualmente o Itaú Unibanco. 

De acordo com o capitão Gustavo Couto, do Corpo de Bombeiros, nove vítimas foram intoxicadas pela fumaça e hospitalizadas.Saiba mais: https://t.co/NhkawVCJBs @danieleframo pic.twitter.com/JxdD9JIg6K— Jornal Hoje em Dia (@jornalhojeemdia) 19 de junho de 2019
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