Inclusão de alunos especiais ainda enfrenta dificuldades

Alessandra Mendes - Hoje em Dia
10/09/2014 às 08:22.
Atualizado em 18/11/2021 às 04:08
 (Carlos Rhienck)

(Carlos Rhienck)

Apesar dos avanços já registrados, a inclusão dos estudantes com necessidades especiais em escolas públicas regulares, prevista por lei, ainda enfrenta uma série de dificuldades. A maior delas, de acordo com especialistas, é que não há garantia de que o aluno tenha, de fato, melhoria no aspecto do aprendizado. Na teoria, a ideia é boa mas, na prática ela apresenta falhas. Falta preparo dos profissionais e de toda a rede de atendimento de forma geral.

“Os professores precisam de subsídio para lidar com este tipo de aluno. Na maioria dos casos, o suporte vem por meio de um monitor que também não tem a formação que seria adequada para este caso. Sendo assim, as escolas representam avanços no convívio social das crianças, mas não na parte cognitiva”, explicou a professora de neuropsicologia da Faculdade de Ciências Médicas, Annelise Júlio Costa.

A ausência de um suporte adequado para o trabalho ligado a estudantes com necessidades especiais pode resultar em problemas com conse-quências tanto para a escola quanto para o aluno. Casos como o do estudante L.H.C., de 11 anos, que está temporariamente afastado das atividades escolares até que um conflito registrado na instituição de ensino seja resolvido. A mãe do garoto, que é autista e cursa a 5ª série na Escola Municipal Coronel Antônio Augusto Diniz Costa, em Contagem, alega que o menino sofre preconceito por ser autista e que apanhou de um professor.

A escola, que chegou a expulsar o aluno em 2011 mas teve que readmiti-lo sete meses depois por força de decisão judicial, alega o contrário. Segundo a sua direção, o menino, tido como agressivo, teria batido no professor. “Meu filho não tem condição de ter feito isso. Tudo é resultado de uma discriminação por causa do seu problema de saúde. O que quero é que ele seja tratado como um garoto como todos os outros”, afirmou a dona de casa Renata de Andrade, de 40 anos.

Contagem tem cerca de 1.200 alunos com necessidades especiais matriculados na rede municipal. Para o atendimento a todos eles são colocados à disposição 43 cuidadores, 50 intérpretes e 500 estagiários ou monitores. “Na maioria das vezes, a solução para o aprendizado dos alunos com necessidades especiais depende de um conhecimento específico, não ofertado por estes profissionais. Para resolver esta questão, é necessário mais investimento”, avalia Annelise.


Inclusiva

Mesmo com alguns obstáculos a serem vencidos, a escola inclusiva é vista com bons olhos por pais que já conseguem perceber o resultado da mudança nos filhos. “Isso é muito importante para o desenvolvimento de todos os estudantes, independentemente de haver alguma necessidade especial ou não. Estou muito satisfeito com o resultado e confesso que morria de medo que não desse certo”, disse o administrador Leonardo Andrade Guerra, de 50 anos.

A filha dele, Laura Guerra, de 3 anos, tem Síndrome de Down e faz parte do grupo de quase 4 mil alunos especiais da rede municipal de educação de Belo Horizonte. Antes de ingressar na Unidade Municipal de Educação Infantil (Umei) do bairro Palmeiras, região Oeste de BH, a menina já havia frequentado uma instituição particular. “Hoje eu não colocaria ela em uma escola particular de jeito nenhum. Ela é tratada com respeito e igualdade e isso não tem preço”, garante Guerra.
 
 
Secretaria alega conflito pontual
 
Em nota, a Secretaria de Educação de Contagem informou que está apurando as denúncias relatadas sobre os pais do estudante autista, que têm uma versão diferente da apresentada pelos educadores.

O órgão garante que o estudante continuará sendo atendido na unidade ensino e que intensificará as ações de suporte para estreitar o relacionamento entre família e escola. O estudante tem acompanhamento
de estagiário em sala de aula para dar suporte pedagógico ao professor.

A Secretaria esclarece ainda que não existe um movimento dos professores contra a política de inclusão e, sim, apenas um conflito pontual entre a escola e a família do estudante.

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