A Polícia Civil concluiu nesta quarta-feira (18) o inquérito sobre um suposto esquema de tráfico de crianças em Betim, na Grande BH. Seis pessoas foram indiciadas e um inquérito suplementar será aberto nos próximos dias para apurar se houve envolvimento de outras pessoas no crime. O caso veio à tona na semana passada, após a prisão em flagrante de Eliane Cristina Gonçalves Figueiredo Azzi, de 37 anos, no Hospital Regional de Betim. Conforme as primeiras investigações, ela negociava com um casal de Porto Velho a venda de um bebê nascido na unidade de saúde alguns dias antes e que teria alta naquela data. Entretanto, ela levantou suspeita ao cobrar do diretor do hospital, Guilherme Carvalho, a liberação da criança. Além de Eliane Cristina, o casal de advogados de Porto Velho (RO) - Selena Castiel Gualberto e Breno Azevedo Lima - e a funcionária pública da Prefeitura de Betim, Cláudia Denize Alves Giani, que teria intermediado a negociação foram indiciados. Já o marido de Eliane Cristina, Alexandre Castiel Azzi e a mãe do bebê que seria vendido, Janaína Rezende Carvalho também responderão a processo. No total, alguns deles podem pegar mais de 20 anos de prisão. Entretanto, o delegado Tito Lívio Barichello não pediu a prisão preventiva dos envolvidos porque acredita que eles não poderão prejudicar o curso das investigações e, inclusive, pediu que Eliane seja solta, já que ela é a única investigada presa. O inquérito deve ser encaminhado nesta quinta-feira (20) ao Ministério Público, que deve apresenter denúncia à Justiça. Ainda segundo o delegado, a possibilidade de tráfico internacional de criança, que chegou a ser levantada pela Polícia Civil, foi descartada por falta de elementos, bem como a hipótese de formação de quadrilha. Conforme Tito Barichello, as informações de que a criança seria levada para Portugal não constam em conversas, e-mails e mensagens trocadas entre os envolvidos no crime. Além disso, este seria o único caso de tráfico de criança praticado pelos suspeitos.
Entenda o caso Na última terça-feira (10), Eliane Cristina Gonçalves Figueiredo Azzi, de 37 anos, foi presa em flagrante no Hospital Regional de Betim. Ela estaria aguardando a alta de uma criança que teria nascido na unidade de saúde no final de semana anterior e entregaria a criança à Selena Castiel Gualberto. A mãe do menino, Janaína Resende Carvalho, que mora em São João del-Rei, na região do Campo das Vertentes, anunciou a doação do filho no blog "Quero Doar. Ela alegou motivos econômicos e pessoais e acabou aceitando a proposta de uma mulher que se apresentou como Sofia, mas que, na verdade, era a advogada Selena Castiel Gualberto. Após a negociação, Janaína veio morar em Belo Horizonte às custas de Selena e do marido dela, o advogado e professor universitário Breno Azevedo Lima. Mas, como estavam em outro estado, a intermediação e detalhes eram tratados por Eliane Cristina e o marido Alexandre Castiel Azzi, primo de Selena. Já a escolha do local do parto, foi motivada por uma relação de parentesco entre Eliane e Cláudia Denise Gonçalves Giani, funcionária pública na unidade de saúde.