Intervenções estéticas crescem, mas procedimentos não podem ser banalizados

Flávia Ivo (*)
17/06/2019 às 06:00.
Atualizado em 05/09/2021 às 19:08
 (Unsplash/Divulgação)

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SÃO PAULO – Mais da metade dos brasileiros (51%) está incomodada com alguma parte do corpo. É o que mostra pesquisa realizada em 18 países, com mais de 14 mil pessoas de 21 a 75 anos. E essa insatisfação tem levado a um aumento da demanda por procedimentos estéticos realizados. Tanto que 86% dos médicos entrevistados no Brasil acreditam que o total de intervenções irá aumentar nos próximos 12 meses. No levantamento anterior, apenas 50% consideravam essa expansão.

O cenário apresenta uma mudança de comportamento frente a esses tratamentos pela população, que hoje aceita melhor o assunto. Porém, também desperta uma importante questão: a difusão de conhecimento sobre as práticas não pode ser sinônimo de banalização das intervenções. Os procedimentos precisam ser feitos por profissionais capacitados e com o uso de produtos certificados e de boa qualidade.

Segundo a pesquisa e os especialistas, se antigamente eram as transformações faciais que levavam os pacientes aos consultórios, hoje é a busca pelos resultados naturais que está em alta

Para o cirurgião plástico Ricardo Boggio, membro especialista e titular da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP), a disseminação de informações nas redes sociais, buscadas por 39% dos brasileiros para pesquisas sobre beleza, é um agente complicador dentro dos consultórios.
“É muito comum os pacientes chegarem com a informação que captaram na internet. Temos que ter delicadeza para trazer essas pessoas para a realidade. Muitos querem os procedimentos para ficarem parecidas com alguém, uma beleza inatingível. Precisamos desconstruir aqueles conceitos, às vezes incorretos, para construir os certos”, observa o médico.

“Mudou a forma de abordagem do paciente. Os procedimentos estão mais naturais que antes. Houve uma mudança também dos produtos e há mais tecnologia envolvida”Lígia ColucciMédica Dermatologista

Poder da web

O levantamento, executado pelo Instituto Ipsos a pedido da farmacêutica Allergan no último trimestre do ano passado, reforça esse poder da internet na difusão de dados ligados à estética e beleza, mas alerta para a presença de conteúdos falsos e sem embasamento científico. De acordo com a pesquisa, feita on-line, ferramentas de busca e mídias sociais são a fonte de informação de 85% dos entrevistados, que consultam primeiro a web para depois ir a um especialista.

Segundo Boggio, a busca pela beleza deve ser acompanhada da preocupação com a saúde. “O procedimento médico para um preenchimento facial é o mesmo realizado por um cardiologista, sempre verificando o histórico do paciente e entendendo o estado de saúde dele naquele momento”, coloca.

“Hoje, o profissional que trabalha com estética deve priorizar a individualização do paciente e a customização do tratamento”Ricardo BoggioCirurgião Plástico

A dermatologista mineira Lígia Colucci, membro da Sociedade Internacional de Dermatologia, acredita nessa análise para o sucesso de uma intervenção no rosto ou no corpo. “O paciente vem aberto para contar da vida, expor as motivações. É importante entender esses desejos e expectativas, mostrando a ele que o que é melhor para o outro não necessariamente é para ele”, explica.

Além disso, a médica destaca a relevância na procura adequada por um profissional capacitado. “Saber a formação do médico é essencial. O número de seguidores que ele tem no Instagram não é prova da capacidade ou mesmo de credenciamento nas técnicas”, adverte a dermatologista. 

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Brasileiros acreditam que boa imagem contribui para o sucesso

Diversas pesquisas, ao longo dos últimos anos, já revelaram que o Brasil é um dos países em que mais pessoas realizam procedimentos estéticos. Em pouco tempo, especialistas acreditam que estaremos apenas atrás da China. 

Se depender das atuais motivações dos brasileiros para um tratamento de beleza, apresentadas nos dados da Allergan, não será difícil alcançar esse patamar. Quarenta e cinco por cento dos entrevistados disseram não estar tão bem quanto poderiam e 34% expuseram insatisfação com a própria imagem em fotos.

“As pessoas querem se cuidar e não mais serem transformadas, como era antes. Buscam melhores versões delas mesmas”, coloca a médica Lígia Colucci, que se preocupa com a questão do descontentamento com as fotografias.

Segundo ela, as selfies motivam muitas discussões no consultório. “Existem estudos comprovando que a selfie muda a perspectiva sobre si mesmo, alterando a própria imagem, e o paciente às vezes quer o que a selfie e os filtros mostram”.

Autoconfiança

A influência da imagem no dia a dia também é fator que colabora na decisão por um tratamento estético: 81% dos brasileiros acham que a aparência contribui para o sucesso em todos os aspectos da vida, contra 69% da média global. Ainda segundo a pesquisa, 64% em todo o mundo dizem que estar em forma e saudáveis, na moda e com a beleza em dia ajuda no aumento da autoconfiança.

Opiniões que certamente favorecem o crescimento do mercado da estética médica mundial. Conforme a Data Bridge Market Research, uma das empresas líderes em pesquisa de mercado, devem ser movimentados, globalmente, US$ 26,53 bilhões até 2024 com procedimentos embelezadores.

Opção

Para quem deseja estar bem com o próprio corpo, mas não quer realizar procedimentos cirúrgicos ou mesmo utilizar preenchedores, opção é contar com os profissionais da estética e cosmética. Eles podem contribuir com a valorização da imagem pessoal e também nas estéticas corporal e facial. 

“Não é inerente às atividades desse profissional a harmonização facial com o uso de preenchedores. Ele trabalha o bem-estar da pele. No corpo, são as massagens modeladoras e os procedimentos com equipamentos. Sempre buscando a qualidade da pele”, destaca Patrícia Carvalhais, coordenadora do curso de Estética das Faculdades Promove.

(*) Viajou a convite da AllerganEditoria de Arte

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