'Já me mandaram colocar esparadrapo na boca dele', diz mãe de menino autista agredido em shopping

Cinthya Oliveira
02/04/2019 às 16:28.
Atualizado em 05/09/2021 às 18:03
 (Reprodução Facebook)

(Reprodução Facebook)

“Ele já foi agredido verbalmente em vários lugares diferentes”, afirma Arlinda Oliveira, mãe do menino autista de 5 anos que tomou um tapa de um homem de 60 anos dentro de um shopping da região Centro-Sul de Belo Horizonte, no sábado (30). O suspeito de agredir o menino foi preso por injúria racial, depois de dirigir xingamentos à mãe e à criança.

Segundo Arlinda, muitas pessoas ainda se mostram intolerantes em relação à presença de uma criança autista nos momentos de crise. “As pessoas querem que ele fique quieto. Já chegaram a me mandar colocar um esparadrapo na boca dele”, lembra a estudante de direito. 

Ela conta que o diagnóstico de autismo não impede a família de levar o filho para passear e interagir com as outras pessoas. Já faz parte da rotina: sempre aos finais de semana, a família vai ao shopping ao menos para tomar um sorvete. “O que me deixou mais indignada é que as pessoas normalmente reagem mal em momento de crise, mas no sábado, o meu filho foi agredido no momento em que estava conversando e brincando de forma tranquila”.

O suspeito foi preso, mas liberado nesta terça-feira (02) após pagamento de fiança e apresentação de laudo confirmando que ele é portador de esquizofrenia.

Conscientização

Nesta terça-feira (2), Dia Mundial da Conscientização sobre o Autismo, várias ações são realizadas em diversos países para quebrar estereótipos e preconceitos sobre o Transtorno do Espectro do Autismo (TEA).

De acordo com pediatra e neurologista infantil Clay Brites, o transtorno atinge 1% das crianças no mundo e leva a prejuízos na percepção e na capacidade de interação social adequada. Isso faz com que a criança com autismo perca boa parte da capacidade de interagir socialmente de forma construtiva, coerente, com reciprocidade, atenção concentrada e compartilhada.

“A importância está em ajudá-los a adquirir competências suficientes e a tempo de poderem ser mais funcionais e socialmente melhor adaptados nos anos mais difíceis que se seguirão, ao adentrarem na escola ou no trabalho", afirma o especialista. 

Os sintomas começam a aparecer nos primeiros três anos de vida e o ideal é que o diagnóstico seja feito o quanto antes, abrindo caminho para modelos de intervenção comportamentais – de preferência, abordagens que tenham fundamentação científica e um grande número de pesquisa com amostragem populacional significativa.

Com Agência Brasil

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