Jardim filtrante como alternativa para recuperar lagoa da Pampulha

Letícia Alves - Hoje em Dia
26/02/2015 às 07:21.
Atualizado em 18/11/2021 às 06:09
 (EUGÊNIO MORAES /)

(EUGÊNIO MORAES /)

A Prefeitura de Belo Horizonte (PBH) pretende utilizar uma técnica inovadora para recuperar a água dos córregos que deságuam na Lagoa da Pampulha. Chamado de jardim filtrante, o novo sistema utiliza plantas para o tratamento natural da água. Sem data para a conclusão da limpeza definitiva da bacia, a iniciativa promete amenizar o volume de lixo e esgoto lançado diariamente no local.

A proposta foi anunciada na última quarta-feira (25) pelo prefeito Marcio Lacerda, durante visita às obras de revitalização da orla da Pampulha. O chefe do Executivo municipal garantiu que já existem projeto e verba para a implantação dos jardins no córrego d’Água Funda, localizado nas imediações do zoológico.

O próximo passo, segundo ele, será a licitação do serviço. Porém, isso ainda não tem data para ocorrer. A Secretaria Municipal de Obras informou que o projeto também contemplará o córrego Bom Jesus.

“Vamos desviar o córrego e tratá-lo em uma série de tanques, sem aditivos químicos. Dando certo, expandiremos para outros córregos. Faremos isso porque a Copasa, aparentemente, não dá conta de segurar toda essa poluição difusa, inclusive de esgoto clandestino”, afirmou Lacerda.

Na avaliação do prefeito, os jardins filtrantes serão mais econômicos em longo prazo se comparado a outros processos de limpeza da água. Ao todo, 20 córregos que deságuam na lagoa poderão contar com a nova técnica.

METODOLOGIA

A tecnologia utilizará a raiz de flores e plantas para filtrar os poluentes químicos da água, segundo o diretor da Jardim Botânico da Fundação Zoobotânica, Odilberto Roque Bezerra. Ele participou da elaboração do projeto e contou que, no ano passado, servidores estiveram em um congresso na França para conhecer a técnica. “É um processo muito interessante.Plantas aquáticas farão a limpeza do córrego e, assim, devolverão água mais limpa para a lagoa”, destacou.

Outra alternativa para diminuir a poluição da bacia é a instalação de gradeamento nos córregos que deságuam na lagoa. As grades irão barrar resíduos sólidos, como garrafas pets e sacolas. “Nos grandes é muito difícil, mas pelo menos nos pequenos que deságuam nos maiores vamos colocar uma grade e fazer uma limpeza diária ali, antes que isso chegue à Pampulha”, adiantou o prefeito.

No entanto, para contribuir com a redução dos resíduos lançados na lagoa, ainda é preciso que o projeto saia do papel. Segundo a prefeitura, ainda estão sendo feitos estudos iniciais e não há previsão de instalação imediata.

Aguapés voltam a invadir cartão-postal e se alastram por causa da poluição

Sem contrato vigente para a limpeza da Lagoa da Pampulha, os aguapés começaram a reaparecer no espelho d’água. A reportagem do Hoje em Dia encontrou, na última quarta-feira (25), o vegetal em extenso trecho próximo ao Marco Zero da orla, que fica ao lado do Parque Ecológico.

A situação acende um alerta, já que os aguapés se desenvolvem rapidamente em águas poluídas. A planta também incomoda os visitantes por causa do mau cheiro, intensificado em dias de calor.

A escolha da empresa para fazer a limpeza e a manutenção da bacia estava marcada para o último dia 26 de janeiro. No entanto, participantes do processo de licitação questionaram alguns pontos do edital e o certame foi suspenso.

Mesmo sem o contrato, o prefeito Marcio Lacerda garantiu, durante a visita às obras na última quarta-feira (25), que o serviço continua sendo realizado. “A medida é adotada enquanto esse contrato específico não sai”, explicou.

Esgoto

O lançamento de esgoto, outro grande problema da lagoa, também não tem previsão de solução.

Questionada sobre o assunto, a Copasa informou que interrompeu a instalação das redes de coleta devido à oito processos judiciais de desapropriação de 17 áreas, em Contagem, na Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH).

A meta é retirar 95% das fontes de esgoto na região. O índice era para ter sido alcançado em outubro do ano passado, conforme anúncio da própria empresa.

No entanto, sem acordo com os proprietários dos terrenos, quatro quilômetros de redes interceptoras barram o andamento do processo. A companhia já implantou 96 quilômetros do sistema.

Somente após a interligação da rede é que a prefeitura poderá prosseguir com o tratamento da água.

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