Jovem de BH vence a Covid, após ser intubado no dia do aniversário de 23 anos; confira o vídeo

Luisana Gontijo
lgontijo@hojeemdia.com.br
16/12/2020 às 17:21.
Atualizado em 27/10/2021 às 05:19
 (Lucas Prates)

(Lucas Prates)

No dia em que completou 23 anos, em uma sexta-feira, 3 de julho deste 2020, Carlos Philippe Alves de Deus foi intubado, no Hospital São Francisco, em Belo Horizonte. O objetivo da manobra médica era salvá-lo da Covid-19, com a qual havia sido diagnosticado há menos de uma semana.

No final de junho, Carlos Philippe - motorista de aplicativo na capital - começou a ter sintomas de gripe. “Estava na rua, trabalhando, e senti calafrios”, conta. No dia seguinte, fraco e com falta de apetite, procurou a UPA Oeste, perto de casa, no bairro Palmeiras. O pulmão estava bom, segundo o médico que viu o raio x e o exame de sangue sem alterações. Com uma receita de antibióticos e atestado para 10 dias, recebeu a indicação de repouso e isolamento, em casa.

“Passei a noite da quinta e a sexta no oxigênio. No plantão noturno, intubaram um senhor ao meu lado. Fiquei com medo, porque foi bem complicada a intubação dele. Deu muito trabalho. Eu só ouvia, o que me deixou com mais medo ainda”, relembra

Mãe infartada

Sem um diagnóstico confirmado de Covid-19, ele se preocupava com a mãe, de 55 anos, que mora com ele e sofreu infarto em maio. Assim, decidiu pagar um teste RT-PCR, mais conhecido como swab nasal, que deu negativo.

“Na segunda-feira, eu estava bem. Na quarta à noite, comecei a sentir desconforto, o corpo ruim. Na madrugada de quinta, estava bastante fraco e sem apetite novamente e decidi voltar à UPA”, relata.

Após um novo raio x feito na Unidade de Pronto Atendimento, a médica lhe informou que o incluiria na fila de espera de  uma vaga em hospital, por estar com o pulmão afetado.

No oxigênio

“Passei a noite da quinta e a sexta no oxigênio. No plantão noturno, intubaram um senhor ao meu lado. Fiquei com medo, porque foi bem complicada a intubação dele. Deu muito trabalho. Eu só ouvia, o que me deixou com mais medo ainda”, relembra.

Pouco depois, informaram que ele também seria intubado. “Falei: de jeito nenhum. Me recuso”. O rapaz ligou para a mãe, que foi à UPA com uma tia enfermeira. Elas conversaram com o médico que o atendia e o convenceram a aceitar ser intubado - em 3 de julho, seu aniversário de 23 anos.

CTI

No dia seguinte, foi transferido para o CTI do Hospital São Francisco, no bairro Concórdia. “Lá, tiveram que fazer aquela manobra de me virar (chamada prona), para melhorar a capacidade respiratória. O médico falou para a minha mãe que se ela tivesse fé era para rezar, porque estavam fazendo tudo e eu não respondia ao tratamento”.

Carlos ficou internado no hospital de 4 a 19 de julho. Por 10 dias, permaneceu intubado e em coma. “Aí, acordei, fiquei no CTI mais dois dias e fui para a enfermaria. Acordei sem saber nem onde eu estava”, diz o rapaz.

No CTI, ele recorda que não tinha forças para levar o lanche à boca, para pegar um copo. Nos quatro dias de enfermaria, não conseguia andar. Precisou da ajuda de fisioterapeutas, de andador, de cadeira de rodas. Ao receber alta, deixou o hospital caminhando, mas amparado.

“Para quem não está levando a sério a pandemia, não é uma gripezinha, é muito sério. E, mesmo que estejam ansiosos pela vacina, não deixem de cuidar da saúde. Não desacreditem, porque é uma doença muito grave, é silenciosa e é imprevisível”

Sequela

Já em casa, depois de cinco meses, Carlos Philippe ainda trata uma sequela da Covid-19 e está afastado do trabalho pelo INSS. O rapaz teve uma úlcera por pressão, em razão do tempo acamado.

Carlos suspeita que possa ter se infectado pelo novo coronavírus em uma das corridas como motorista de aplicativo, apesar de todo o cuidado que afirma tomar. Ele conta que não tinha qualquer problema de saúde, mas estava acima do peso. Hoje, diz que está cuidando mais da saúde, da alimentação.

Não é gripezinha

E, depois de todo o sofrimento e da luta pela vida, deixa um recado: “Para quem não está levando a sério a pandemia, não é uma gripezinha, é muito sério. E, mesmo que estejam ansiosos pela vacina, não deixem de cuidar da saúde. Não desacreditem, porque é uma doença muito grave, é silenciosa e é imprevisível”.

Carlos Philippe atribui sua recuperação, além dos cuidados médicos, à fé de sua mãe, à sua própria, às orações e à torcida da família e dos amigos.

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