A Justiça interditou uma clínica terapêutica em Três Marias, no Norte de Minas Gerais, e mandou prender o proprietário do estabelecimento, após constatação de maus-tratos aos pacientes.
De acordo com o Ministério Público de Minas Gerais (MPMG), durante uma ação de fiscalização no local, em conjunto com a Vigilância Sanitária de Três Marias, foram identificados casos de agressão, cárcere privado e tortura praticados por funcionários e pelo proprietário da clínica.
Ao todo, 44 adolescentes, crianças, adultos e idosos estavam internados no local antes da interdição decretada pela Justiça, na semana passada.
Durante a ação, o MP conversou com os internos da clínica e constatou que, na noite anterior, por determinação do dono do local, um adolescente havia sido espancado e recebido altas doses de medicamentos que o doparam. Em seguida, o menor teria sido amarrado e deixado no chão do quarto, onde permaneceu durante a noite. “Eles eram colocados para encher baldes com água da piscina, ajoelhados, debaixo de sol escaldante, vestidos com agasalhos e utilizando colheres de sopa”, conta o promotor de Justiça José Antônio Leite.
Outros castigos e métodos de tortura também eram aplicados: escrever 1.500 vezes frases alusivas a supostos atos de indisciplina praticados; sessões de choque elétrico; manutenção dos pacientes amarrados ou acorrentados por horas ou dias; aplicação de medicação controlada em doses elevadas sem prescrição médica com a finalidade de dopá-los, além de constantes agressões físicas e psicológicas.
Durante a fiscalização do Ministério Público, foram encontrados e apreendidos correntes de metal, faixas, cordas e cabos, que, segundo os internos, eram utilizados para as sessões de tortura e agressão. Também foram encontrados alimentos vencidos e em estado de decomposição.
A promotoria acionou a Polícia Civil de Minas Gerais, que compareceu ao local e prendeu cinco pessoas em flagrante.