O prefeito de Belo Horizonte, Alexandre Kalil, decidiu que não vai cortar o salário dos professores municipais de Belo Horizonte que fizeram greve de 21 dias. A redução nos vencimentos havia sido anunciada pelo Executivo, que classificou a greve como ilegal. Contudo, nesta segunda-feira (30), a PBH disse que o momento é de união e, por isso, vai montar um novo calendário escolar para repor as aulas perdidas e não irá punir os docentes que ficaram parados.
Após o encerramento da paralisação, os professores começaram uma campanha: "Kalil, lutar não é crime! Retire as punições sobre os trabalhadores!". Mesmo com o fim da greve, os estudantes continuam sem ir às escolas, mas, desta vez, por causa da pandemia no novo coronavírus.
A partir desta terça-feira (31), a prefeitura vai entregar cestas básicas para as famílias dos estudantes em substituição à merenda escolar.
Sem corte no salário
Ao anunciar que não irá cortar os dias parados dos professores, a secretária Municipal de Educação, Ângela Dalben, destacou que o ano letivo já foi prejudicado pelas chuvas, greves e, agora, por causa do coronavírus. “O momento atual exige sensibilidade e solidariedade com cada um e com todos, pois estamos vivendo um ano letivo atípico, repleto de desafios para ser efetivado", disse.
“O retorno do isolamento social vai, com certeza, exigir de todos nós a revisão de normas, rotinas e práticas. Precisaremos trabalhar coletivamente para o bem comum. Nossos estudantes retornarão com experiências variadas e nunca vividas”, destacou Dalben.
Ano letivo
Por lei, a ano escolar tem que ter 200 dias letivos. Até o momento, foram mais de 30 dias dentro do calendário previsto sem aulas. Sem previsão de retorno de funcionamento das escolas municipais, a PBH vai construir um novo calendário a partir de normativas.
Greve
Os professores da rede municipal iniciaram a greve no dia 27 de fevereiro e encerraram no último dia 18. Dentre as reivindicações do movimento, estavam o pagamento do piso salarial nacional, que foi reajustado em 12,84% no início de 2020, e também a quitação de parcelas do reajuste salarial de 3,78%, que conforme negociação na paralisação de 2019, deveria ser pago a partir do início deste ano.
A PBH afirmou que o Sindicato dos Trabalhadores de Educação da Rede Pública (Sind-Rede/BH) concordou e encerrou as negociações para aumentos em 2019 e 2020, com reajuste de 7,2% em duas parcelas, pagas em janeiro e dezembro de 2020, além do ganho de dois níveis na carreira do Professor da Educação Infantil.
O caso foi parar na Justiça, que considerou que a greve é "ilegal, abusiva e quebra acordo assinado em novembro de 2019 pelos representantes do próprio sindicato e do governo".