Líder barra-brava solta o verbo e não descarta violência

Alessandra Mendes - Hoje em Dia
21/06/2014 às 07:38.
Atualizado em 18/11/2021 às 03:05
 (Arquivo Hoje em Dia)

(Arquivo Hoje em Dia)

“Somos pessoas que nutrem paixão pelo futebol. Incondicionalmente”. A definição para o termo barra-bravas, parte mais temida da torcida argentina, é feita por um dos integrantes do grupo. Após passar pelo Rio de Janeiro, onde se envolveu em duas brigas com ingleses e chilenos, o hermano chegou a Belo Horizonte ontem para acompanhar o jogo da alviceleste no Mineirão, neste sábado (21). Apesar de declarar-se “interessado apenas por futebol”, o torcedor não nega a predileção por confusões. “Brigamos porque temos inimigos”, justificou.
 
Apenas sob a condição do anonimato, o argentino, com pinta de bad boy e tatuagens no peito e braços, concordou em falar sobre os torcedores conhecidos pelas brigas dentro e fora do país vizinho.

“Não temos problemas com brasileiros. O negócio é cruzar na rua com ingleses e chilenos. Aí não tem conversa, vamos sair no braço”, afirmou o barra-brava.

O conflito entre os barra-brava e os hooligans ingleses pode ocorrer nas ruas de BH. A Argentina joga hoje; a Inglaterra, na terça-feira, no Mineirão. Neste meio tempo pode acontecer o encontro temido entre as frentes violentas das duas torcidas.
 
“Temos contas a acertar com eles. Na Copa da África do Sul estávamos em menor número. Esta pode ser uma oportunidade para colocar as coisas em ordem”, afirmou o argentino, lutador de vale-tudo que aparenta uns 35 anos.
 
Rixa antiga
 
Mas a rusga entre os dois povos diz respeito a tempos mais remotos, durante a Guerra das Malvinas. O conflito entre Reino Unido e Argentina pelo domínio das ilhas, que começou em abril de 1982, terminou três meses depois com a derrota do exército “hermano”. Entretanto, desde o fim da guerra, a Argentina insiste pela soberania da Ilha e a questão entrou na pauta da presidente Cristina Kirchner no começo de 2012.
 
“Nosso problema com os ingleses são as Malvinas e com os chilenos porque eles cederam território para a Inglaterra”, conta o barra-brava. Nas duas ocasiões em que encontrou os “rivais” em território carioca, o argentino disse que saiu vitorioso. “Tomamos as bandeiras deles e botamos pra correr”, vangloriou-se.
 
A impressão de que não existe receio de prisão por autoridades brasileiras é confirmada na fala despreocupada do argentino. “Não tenho medo que isso aconteça.
Para os barra-bravas, os contatos políticos são indispensáveis. Nossos amigos são importantes e de muita valia”, ressaltou o torcedor. Mas, na Argentina, a situação é outra. “Lá somos criminosos. Por isso não posso me identificar. Quando voltar posso ser preso”.
 
Prisão
 
Não seria a primeira vez. “Já estive preso quatro vezes em meu país. Tanto por briga por causa de futebol, quanto por assalto. Todas as vezes acompanhados de outros companheiros do grupo. Isso faz parte”.
 
Detalhe: rivais na Argentina, torcedores do Arsenal, Boca Juniors, Independiente e River Plate unem forças para o chamado “bem maior”.
 
“Aqui estamos todos defendendo nossa pátria. Lá, já é outra coisa”, explica o barra brava que divide o carro com outros quatro companheiros.
 
Já incomodado com a conversa prolongada, ele resolve terminar a entrevista. Não sem antes matar uma curiosidade que considera muito útil para os próximos dias. “Os ingleses vêm para Belo Horizonte?”. Ao ouvir o sim, balança a cabeça lentamente e ensaia um sorriso. “Bueno”.

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