Líder do MTST é morto com tiro na cabeça em Uberlândia; PM nega execução

Renata Evangelista
rsouza@hojeemdia.com.br
Publicado em 05/03/2020 às 20:05.Atualizado em 27/10/2021 às 02:51.
 (MTST/Divulgação)
(MTST/Divulgação)

O coordenador do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MSTS) em Minas Gerais, Daniquel Oliveira dos Santos, de 40 anos, morreu com um tiro na cabeça, na madrugada desta quinta-feira (5). O disparo foi feito por policiais militares, em Uberlândia, no Triângulo Mineiro.

Integrantes do MSTS acusam a PM de ter executado Daniquel com um tiro na nuca, como forma de perseguição. A corporação, no entanto, rechaça a denúncia e garante que o tiro foi disparado como legítima defesa, já que o coordenador do movimento estaria armado em um matagal. "Trata-se de fato policial, totalmente desvinculado de questões relacionadas a movimentos sociais", declarou.

Por causa da morte, os sem teto fizeram um protesto e bloquearam trecho da BR-050. "A PM reprimiu a manifestação com bombas e balas de borracha, ferindo três pessoas", informaram os militantes. Apesar do atrito, a rodovia já foi liberada.

Moradores da ocupação coordenada por Daniquel fizeram protesto pela morte

Moradores da ocupação coordenada por Daniquel fizeram protesto após a morte

Versões

De acordo com a PM, agentes do 9ª Companhia Independente de Policiamento Especializado faziam ronda na região quando, na avenida Rui de Castro Santos, viram três homens próximo a um matagal. O trio teria fugido para a mata e desobedecido a ordem de parada. Um dos homens estaria armado.

Neste momento, conforme a corporação, os militares efetuaram cinco tiros "para repelir a injusta agressão e salvaguardar a vida dos policiais", uma vez que o suspeito teria atirado. Os policiais fizeram varredura no local e encontraram um homem, de 36 anos, escondido e deitado no meio do mato. Ele foi preso em flagrante.

Os PMs informaram que localizaram Daniquel com ferimentos na cabeça. Ele chegou a ser socorrido para o Pronto-Socorro do Hospital da Universidade Federal de Uberlândia, mas não resistiu aos ferimentos. Ainda conforme a PM, ao lado dele foram apreendidos um revólver calibre 38 com três cartuchos intactos e um picotado. 

Outro lado

O MSTS tem outra versão sobre a ocorrência. De acordo com os militantes, os policiais executaram o coordenador da ocupação Fidel Castro. "Daniquel foi alvejado depois de subir em um poste de uma das casas. Estão querendo criminalizar nosso movimento apontando que havia arma com Daniquel. O que é uma mentira. Até quando a polícia continuará nos perseguindo, perseguindo nossos militantes, até quando tamanha covardia com nossa luta?". Em nota, o movimento também garantiu que "não é com tiro que irão interromper a luta do povo brasileiro".

Coordenador nacional do MSTS, Guilherme Boulos exigiu punição aos responsáveis pela morte do colega.

 

Em comunicado, a PM esclareceu que adotou todas as medidas cabíveis do caso. "A 9ª RPM esclarece que já foram adotadas todas as medidas de Polícia Judiciária Militar, respeitando o devido processo legal, com o encaminhamento oportuno para a análise do Ministério Público e Poder Judiciário".

Confira abaixo o comunicado divulgado pelo MSTS:

 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 

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