Ladrões aproveitam calorão para roubar celulares de motoristas em BH; veja vídeo

Renata Galdino
rgaldino@hojeemdia.com.br
12/10/2020 às 23:03.
Atualizado em 27/10/2021 às 04:46
 (Reprodução de vídeo enviado pelas redes sociais)

(Reprodução de vídeo enviado pelas redes sociais)

Motoristas de aplicativos de transporte de passageiros enfrentam mais um desafio para trabalhar em Belo Horizonte. Em meio ao calorão que passou dos 38º nos últimos dias e sem poder ligar o ar-condicionado por conta da pandemia, com a recomendação de andar com os vidros abertos com usuários nos carros, eles estão sendo alvos de ladrões que, a qualquer hora do dia, “pulam” no veículo e levam o celular que fica no painel. Os casos ocorrem, principalmente, na região Central.

Foi no hipercentro que, na última sexta-feira, militares apreenderam um casal de adolescentes de 17 anos quando atacava um condutor. Com a dupla, os policiais encontraram mais dois aparelhos que tinham sido roubados, da mesma forma, no mesmo dia.

Coordenador de Operações da 6ª Companhia do 1º Batalhão da PM, tenente Washington Júnio Amaral contou que o garoto era responsável por distrair o motorista enquanto a menina pegava o telefone. 

Por parte das vítimas, revolta e medo. Os casos levaram a categoria a promover uma carreata, no último dia 30, reivindicando mais segurança. Conforme o Sindicato dos Condutores de Veículos que Utilizam Aplicativo de Minas (Sicovapp), as ocorrências, na maioria, estão acontecendo na avenida Afonso Pena, nas proximidades da rodoviária e da Praça 7.

“Parece que nem o policiamento inibe as ações”, lamenta Leandro Ribeiro, de 32 anos, que foi surpreendido por um bandido enquanto estava parado em um semáforo na Praça Raul Soares, em 10 de agosto.

A recomendação do Sicovapp é que os motoristas fechem os vidros ao pararem em sinais de trânsito ou quando houver congestionamentos. “Esses roubos já vinham ocorrendo, mas piorou na pandemia. Com a proibição do ar-condicionado, andar com a janela aberta deixou o condutor mais vulnerável”, frisa o secretário-geral da entidade, Dênis José Vicente Duarte.

Ele diz, ainda, que a avenida Antônio Carlos, perto do Conjunto IAPI, no Lagoinha, também é um ponto crítico. Foi lá que o motorista Alerc Sander Estevam, de 46 anos, foi alvo de um bandido quando parou em um semáforo.

Sem o celular para trabalhar, ele teve que pegar o aparelho da esposa. “Depois do prejuízo por conta da pandemia, mais um. É juntar dinheiro e comprar outro celular”, comentou.

A ocorrência desse delito depende mais da vítima do que criminoso, que escolhe a pessoa que facilita a ação”(Washington Júnio Amaral, tenente da PM)

Acompanhamento

Titular da 2ª Delegacia de Polícia Civil Centro, Marina Cardoso Nascimento Monteiro de Castro diz já era um crime comum desde que se adotou esse novo modelo de transporte. “Mas percebe-se um aumento na pandemia por conta das janelas abertas e maior utilização dos aplicativos, as pessoas estão evitando os coletivos”.
A policial pede a todas as vítimas registrarem o boletim de ocorrência para que seja feito o mapeamento dos pontos mais críticos. “A região central, geralmente, tem fluxo maior de pessoas. Por isso, a chance de os criminosos agirem por lá é grande”.

Demanda fomenta criminalidade

Enquanto houver quem compre, os roubos de celulares vão continuar acontecendo. É o que diz o ex-delegado federal José Roberto Lima, professor do curso de Direito das Faculdades Kennedy.

“Esses aparelhos serão trocados por drogas ou vendidos. Por aí, um telefone que vale R$ 7 mil na loja pode ser encontrado por até R$ 500 ou menos. E é esse valor tão discrepante um alerta de que ele é produto de crime”, frisa o especialista.

Mas José Roberto Lima ressalta que quem compra material roubado também pode responder criminalmente. Pelo artigo 180 do Código Penal, a pena varia de um a quatro anos de prisão, além de multa. “Muitas pessoas alegam que não sabiam o que estavam adquirindo. Porém, não é bem assim. Se está bem abaixo do preço de mercado é porque tem algo errado”.

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