Lagoas secas, reprodução de peixes comprometida

Ricardo Rodrigues - Hoje em Dia
05/01/2016 às 07:54.
Atualizado em 16/11/2021 às 00:53
 (Divulgação)

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O estoque de pescado no Médio São Francisco, entre a represa de Três Marias e a divisa com a Bahia, está comprometido pelo rápido processo de degradação das lagoas. Em pleno verão, estação geralmente chuvosa, 240 lagoas da região já secaram.

O alerta é feito pelo ambientalista Francisco de Assis Pereira, um dos idealizadores da Meta 2020, projeto de intenções em defesa do Velho Chico. Segundo ele, a situação desses berçários de peixes não difere da registrada no Alto São Francisco pelo Hoje em Dia, como apresentada na edição dessa segunda (4).

“Após três anos de estiagem, 60% das 400 lagoas marginais do Norte mineiro estão secas e a situação se agrava com o delito praticado por fazendeiros que drenam esses berçários de peixes, o que é proibido, abrem canais e bombeiam água para irrigar lavouras e pastagens”, afirma.

A situação é caótica e muito pior do que no começo de 2015. A represa de Três Marias tem volume inferior a 7% da capacidade de armazenar água e Sobradinho (BA) está com 2%.

Meta 2020

A iniciativa reúne propostas de revitalização do rio, numa visão sem fronteiras, começando pela preservação das lagoas marginais, veredas, brejos, pântanos e outras áreas úmidas.

A Meta 2020 já resultou em uma ferramenta de controle de inundação, em parceria com a Cemig e a Agência Peixe Vivo, que dá suporte ao comitê da bacia do São Francisco. O ciclo de desova coincide com o período de cheia (dezembro e janeiro), quando os peixes se juntam para iniciar o processo reprodutivo. É também nesse período que as hidrelétricas acumulam água, o que impede os cursos de inundação.

Alevinos

O biólogo Yoshimi Sato, pesquisador do Centro Integrado de Recursos Pesqueiros e Aquicultura da Codevasf, em Três Marias, informa que as lagoas marginais são frequentadas por filhotes de cerca de 50 espécies de peixes que migram rio acima durante a reprodução. “Sem chuva não há inundação e as lagoas não funcionam”.

Sato explica que a preservação desses berçários é fundamental para a revitalização do Chico. “Ovos e larvas são carreados para essas lagoas, que formam o ambiente propício para o desenvolvimento dos alevinos porque oferecem fonte de alimento para essas espécies”.

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