Lei antifumo ‘pegou’ em BH

Aline Louise - Hoje em Dia
31/05/2015 às 09:09.
Atualizado em 17/11/2021 às 00:17
 (Joe Raedle /Getty Images/AFP)

(Joe Raedle /Getty Images/AFP)

Em vigor desde o fim do ano passado, a lei federal antifumo mudou os hábitos de clientes de bares e restaurantes de Belo Horizonte. É o que mostram os números da fiscalização e os depoimentos de proprietários de estabelecimentos da cidade ouvidos pelo Hoje em Dia. A norma vem cumprindo o objetivo das campanhas do Dia Mundial sem Tabaco, comemorado hoje, que é garantir a redução do consumo ativo e passivo da fumaça.    Segundo a Secretaria Municipal de Saúde, entre 17 de dezembro de 2014 e 12 de maio deste ano, foram vistoriados 1.759 estabelecimentos. No total, 225 deles receberam algum tipo de notificação, mas nenhuma ligada à lei antifumo.   A legislação proibiu, em todo país, o consumo de cigarros, charutos, cachimbos e similares em lugares fechados, mesmo que parcialmente, de uso coletivo, tanto públicos quanto privados. Também foram vetados os fumódromos.    Pela norma, cabe aos estabelecimentos impedir que o cliente fume nesses locais. Do contrário, os proprietários podem receber multas que vão de R$ 2 mil a R$ 1,5 milhão.   Adequação   Para o presidente do Sindicato dos Hotéis, Restaurantes, Bares e Similares de Belo Horizonte (Sindhorb) e da Associação Mineira de Bares, Paulo Pedrosa, a lei “pegou” na capital mineira. “Tanto consumidores, quanto empresas se adequaram”, diz.   Segundo Pedrosa, ao contrário do que o setor temia no início, a nova norma não afastou a clientela, apesar de combater o consumo de cigarro. “A pessoa fuma até constrangida”, conta.    MUDANÇAS   A bartender Fabiana Diniz, de 22 anos, que é fumante, admite que hoje é mais difícil manter o hábito. “É um saco, mas, no fim das contas, é bom. Eu mesma reduzi o número de cigarros que consumo”, relata.    Também fumante, Otávio Sirino, gerente do Restaurante Torino, diz que, por conta da lei, reduziu em cerca de 60% a quantidade de cigarros consumidos por dia. Ele, que deseja abandonar o vício, lembra que alguns clientes ainda insistem em acender o cigarro dentro do restaurante. “O pessoal não respeita muito, tem que ficar brigando o tempo todo”, relata.    Com o cigarro em punho, do lado de fora do Torino, o bancário Thiago Vinícius, de 25 anos, admite que a lei funciona graças a vigilância dos funcionários dos estabelecimentos.    Essa marcação em cima foi ótima para o Mateus Nunes, de 24 anos, que sofre de bronquite. “A fumaça me incomodava. Foi uma excelente iniciativa, e as pessoas estão respeitando”.    Número de fumantes caiu 30% nos últimos nove anos   O Brasil tem o que comemorar nesse Dia Mundial sem Tabaco. Nos últimos anos, o número de fumantes no país caiu drasticamente. Segundo dados da pesquisa Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico 2014 (Vigitel), atualmente, 10,8% dos brasileiros ainda mantêm o hábito de fumar. Em 2006, o índice era de 15,6%. Isso representa queda de 30,7% no percentual de fumantes nos últimos nove anos.   O índice hoje é maior entre os homens (12,8%) do que entre as mulheres (9%). E dentre as capitais pesquisadas, Belo Horizonte é a segunda com mais homens fumantes (16,2%), perdendo apenas para Porto Alegre (17,9%).    De acordo com o Vigitel 2014, o uso de cigarros é maior na faixa etária de 45 a 54 anos (13,2%) e menor entre os jovens de 18 a 24 anos (7,8%).   Saúde   Oncologista Arilto Silva reforça que o hábito de fumar só representa malefícios à saúde, sendo a principal causa de mortes evitáveis.    O tabagismo está associado a diversos tipos de câncer, não só de pulmão, mas também de boca, laringe, bexiga, rins, pâncreas, e outros. Ainda favorece o aparecimento de doenças cardiovasculares, principal causa de óbitos no mundo.    Arilto alerta também que até os fumantes esporádicos, aqueles que costumam fumar apenas nos finais de semana, ou quando bebem, estão sujeitos aos mesmos riscos. 

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