Lojistas preparam contra-ataque para evitar prejuízos na Copa

Renata Galdino - Hoje em Dia
10/02/2014 às 09:16.
Atualizado em 20/11/2021 às 15:55
 (Eugênio Moraes/Hoje em Dia)

(Eugênio Moraes/Hoje em Dia)

A quatro meses da Copa do Mundo, comerciantes que tiveram perdas milionárias devido ao vandalismo durante as manifestações em junho de 2013 traçam estratégias para não sofrer prejuízos no Mundial. Instalação de placas de aço para proteger imóveis e contratação de segurança armada estão entre as medidas adotadas.   A esperança deles é a de que os protestos de 2014 sejam pacíficos, como organizadores de alguns movimentos prometem. Mas, precavida, parte do empresariado pretende entrar com petição na Justiça, às vésperas da Copa, pedindo ao Estado garantia de proteção.    Há quem ainda avalie se vai reabrir o estabelecimento. É o caso da Kia Automark, na avenida Antônio Carlos, na Pampulha.    A concessionária foi incendiada durante os manifestos, com prejuízo de R$ 4 milhões, e está fechada para reforma há sete meses. Larissa Lopes, gerente de marketing do grupo, diz que não há previsão nem certeza de reabertura.   Quem conseguiu se reerguer após a confusão teme o pior. A Forlan Ford, na mesma avenida, planeja reforçar a estrutura de um lote ao lado da loja, no número 3.860 da Antônio Carlos, onde os carros ficarão guardados bem longe da rua. “Vamos colocar chapa de aço até na altura que der”, diz Salvino Pires Sobrinho, diretor do grupo.   A concessionária foi atacada em dois dos três grandes atos em 2013, danos que chegaram a R$ 400 mil. Sem falar no lucro que a loja deixou de ter nos quatro dias de reforma.    “Ainda não sei o que faremos. Só pensei em contratar seguranças armados para os dias de jogo. Não vejo o Estado nos ajudar. O jeito é nos precaver por conta própria”, afirma Alexandre Alpino, um dos sócios da Dunas Piscinas, que teve R$ 20 mil de prejuízo com o vandalismo.   Grupos prometem ordem e protesto   Movimentos sociais que articulam manifestações em BH durante a Copa do Mundo garantem planejar atos pacíficos. Para Fidélis Alcântara, membro do Comitê Popular dos Atingidos pela Copa (Copac), a preocupação dos manifestantes é com a polícia. Pesquisa da Fundação Getúlio Vargas (FGV), divulgada esta semana, mostrou que as forças de segurança sentem-se despreparadas para lidar com os protestos: 64% dos policiais ouvidos no país assumem não ter treinamento adequado para lidar com a situação.   “Os protestos ocorreram sem brigas até a polícia enfrentar os manifestantes. O comando colocou os militares em um beco sem saída, uma vez que eles foram destacados para uma situação para a qual não estão preparados. E este ano a população está mais indignada. O movimento será maior”, afirma Fidélis.    O filósofo Paulo Rocha, membro da coordenação de comunicação da Assembleia Horizontal de BH, também critica a ação policial. “Quanto mais operarem na repressão, mais as manifestações vão aumentar”.   Salvino Pires Sobrinho, da concessionária Forlan, afirma apoiar as manifestações. “Se não houvesse Black Bloc, até torceria para esses atos serem maiores. Mas, pelo que vimos no ano passado, não sabemos como será a Copa do Mundo”.   Para 2014, há mais uma preocupação. As estações do BRT (Move) ao longo da avenida Antônio Carlos podem se tornar alvo dos radicais.    Em nota, a BHTrans informou que a vigilância dos bens públicos conta com apoio da Guarda Municipal e da Polícia Militar. Além disso, em 21 de janeiro foi homologada licitação para contratar a empresa para serviços de segurança 24 horas nas estações.   CDL-BH defende punição exemplar   As manifestações durante a Copa do Mundo 2014 serão discutidas com comerciantes em reuniões sobre segurança na Câmara dos Dirigentes Lojistas (CDL-BH). Eles reivindicam que seja resguardada a integridade do patrimônio e dos comerciantes.    “Se não houver segurança para a população que mora aqui, como haverá para os que vierem acompanhar o evento mundial?”, questiona Bruno Falci, presidente da entidade.    Para ele, o Estado pode tirar uma lição do desgate gerado durante a Copa das Confederações. “E não deixar repetir o que houve no ano passado agora”.   Falci diz que a entidade não é contra os atos. “A manifestação pacífica é muito bem-vinda. Desordeiros, no entanto, devem ter punição exemplar dentro da lei”.

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