Má conservação é flagrada em mais de 60% dos caminhões no Anel Rodoviário

Lucas Eduardo Soares
17/10/2019 às 21:01.
Atualizado em 05/09/2021 às 22:16
 (Flávio Tavares/Arquivo Hoje em Dia)

(Flávio Tavares/Arquivo Hoje em Dia)

A cada dez veículos de carga fiscalizados no Anel Rodoviário, seis são autuados por mau estado de conservação. Pneus careca, película no para-brisa dianteiro e deficiência em itens de segurança, como tacógrafos, são as infrações mais frequentes. A precariedade coloca em risco a vida dos próprios condutores dos caminhões e dos demais motoristas que passam pela via. Por dia, 160 mil automóveis trafegam pelos 27 quilômetros de pista. 

Os dados são da Polícia Militar Rodoviária (PMRv) e da Via 040, concessionária que administra o trecho entre os bairros Califórnia e Olhos d’Água, na região Oeste de BH. Juntas, executaram pente-fino em 1.382 veículos. Irregularidades foram flagradas em 860. Os números foram obtidos após 30 edições do projeto “Aliança pela Vida”, realizado desde dezembro de 2017.

Nesta semana, o Hoje em Dia mostrou que o corredor, que concentra o maior tráfego da cidade, lidera as estatísticas de acidentes de trânsito. Entre 2014 e 2018, mais de 4 mil ocorrências foram </CW>registradas, conforme a BHTrans. Na segunda-feira, uma grave batida terminou com a morte de duas irmãs. Elas buscariam o pai que teve alta em um hospital naquele dia. 

Perigo

Segundo o tenente da PMRv André Muniz, as falhas mais recorrentes, encontradas durante as blitze, são pneus carecas. Ao motorista, é aplicada uma multa de R$ 195,23, além de cinco pontos na carteira de habilitação. Em casos mais graves, o caminhão é rebocado.

“Durante as abordagens, além de manter o veículo em ordem, solicitamos que os condutores utilizem o freio motor (reduzir a marcha) e mantenham distância dos carros da frente”, afirma o militar. 

Preocupante

O percentual de irregularidades constatadas é visto com preocupação pelo professor de Segurança Viária do Cefet-MG Agmar Bento. Para o especialista, os números mostram um retrato da frota que circula nas estradas de todo o país, favorecendo a insegurança nas rodovias. 

“Sem a condição mínima, a possibilidade de envolvimento em um acidente aumenta muito”. Conforme o docente, uma fiscalização mais frequente ajudaria a inibir esses abusos.

“Temos uma boa regulamentação. Mas, às vezes, o patrulhamento não é tão eficiente na hora de aplicar as penalidades. Afinal, estão colocando em risco a segurança deles próprios e dos outros”, acrescentou o professor. 

Outro lado

Presidente da Sindicato Interestadual dos Caminhoneiros, José Natan Emídio Neto concorda com a necessidade de patrulhamento constante, mas minimiza as infrações anotadas. “Estamos em uma crise brava. A reclamação é geral, não tem serviço”, diz. “Mas, orientamos sempre que andem com seus veículos em bom estado”.

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