Máscaras mais eficazes: pesquisas inovam equipamento de proteção incorporado ao nosso dia a dia

Luisana Gontijo
lgontijo@hojeemdia.com.br
22/05/2020 às 19:28.
Atualizado em 27/10/2021 às 03:34
 (Divulgação)

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Consideradas essenciais na luta contra a pandemia de Covid-19, capazes de ajudar a evitar o contágio pelo novo coronavírus, as máscaras já são itens de uso obrigatório em várias cidades brasileiras, como Belo Horizonte, por exemplo.

E elas podem vir a ser exigidas em todo o país, segundo projeto de lei aprovado há poucos dias na Câmara dos Deputados, que segue para avaliação do Senado e, sendo ratificado na Casa, dependerá apenas da sanção do presidente da República para entrar em vigor. A norma prevê o uso de máscaras em espaços públicos, transporte coletivo e locais privados acessíveis ao público, e estabelece multa de R$ 300 para quem descumpri-la.

Tudo indica que as máscaras deverão ser incorporadas ao nosso vestuário por um bom tempo, até que a infecção pelo novo coronavírus deixe de ser uma ameaça.

Este cenário impulsiona uma infinidade de pesquisas em busca de novas tecnologias, novos materiais, que resultem em máscaras mais resistentes, que protejam melhor e, se possível, mais baratas e acessíveis a um número maior de pessoas.

Tecnologia
Um desses estudos, desenvolvido aqui no Brasil, propõe o uso do óxido de grafeno na produção de máscaras de proteção. Nanomaterial oriundo do grafite, o grafeno é 200 vezes mais resistente do que o aço e tem espessura menor do que a de um átomo, sendo apontado como um dos materiais com maior capacidade de revolucionar a tecnologia nos dias atuais.

Diante disso, o pesquisador Gabriel Estevam Domingos, coordenador do estudo sobre o uso do grafeno na confecção de máscaras, acredita que o novo equipamento de proteção individual poderá atingir 99,9% de eficácia na prevenção da Covid-19.

“O vírus (Sars-CoV-2) mede 50 a 200 nanômetros de diâmetro. As propriedades nanométricas do grafite permitem deixar a máscara permeável ao ar e retentiva à Covid-19”, explica Estevam, que é diretor de Pesquisa e Desenvolvimento do Grupo Ambipar, em Nova Odessa, interior de SP.

A proposta inicial, segundo ele, é produzir quantidade razoável de protótipos da nova máscara até o fim do ano e testar ergonomia, resistência e eficácia na retenção de vírus. 

Acesso
Estevam diz acreditar que, além da eficácia, a máscara de óxido de grafeno poderá ter preço acessível no futuro. “Primeiro, vamos atuar com pessoas da área da saúde e que fazem serviços de descontaminação, afinal, a segurança desses profissionais é fundamental. Ainda mais quando vemos notícias do alto número de profissionais da saúde contaminados no exercício de suas funções frente à pandemia”, pondera. 

Em seguida, prossegue, a intenção é facilitar o acesso da tecnologia principalmente a pessoas que estão no grupo de risco, além das que estão em classes sociais menos favorecidas. “Nem que seja necessário buscarmos o fomento de subsídios por parte dos nossos gestores públicos e agências de fomento à inovação”, admite. 

Atualmente, segundo o pesquisador, o trabalho está mais concentrado em esforços para a produção da matéria prima (óxido de grafeno), já que, apesar de o Brasil ser um dos países com mais reservas de grafeno e liderar pesquisas sobre o uso do nanomaterial em diversos segmentos industriais, ainda não é possível comprá-lo em grande escala.

Palavra do especialista

Antes desta pandemia de Covid-19, lembra a médica infectologista Carolina C. Ponzi, o uso de máscaras era mais comum dentro de estabelecimentos de saúde, para proteção dos profissionais que ali atuavam. O que ocorre hoje, pondera ainda, é o uso mais generalizado desses Equipamentos de Proteção Individual (EPIs), para proteger os outros e para proteger o ambiente. 

As máscaras de tecido que a população em geral tem usado, avalia a infectologista, diminuem a chance de infecção, mas não têm um poder de filtração tão bom quanto as máscaras profissionais. “Mas, se eu uso e você usa, a saliva que a gente joga no ambiente vai ser muito menor, se não zero”, frisa Carolina Ponzi.

Ela lembra que alguns países têm culturalmente esse hábito de usar máscaras, os asiáticos, principalmente, por poluição e porque surtos de gripes aviárias costumam começar por lá. Se vai ser uma coisa perene ou não por aqui, é difícil dizer, segundo ela. “Até que se tenha uma vacina eficaz e que grande parte da população mundial seja imunizada, pode ser que a gente continue usando máscara. E talvez o uso seja mantido para ambientes mais restritos, como voos, em ônibus. Os vírus de transmissão respiratória sempre ocorreram e sempre vai haver surtos”, enfatiza a infectologista. 

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