Mãe que doou o filho só receberá visita em presídio após 10 dias

Rosildo Mendes - Hoje em Dia
26/11/2013 às 17:55.
Atualizado em 20/11/2021 às 14:23
 (Alex de Jesus/O Tempo/Estadão Conteúdo)

(Alex de Jesus/O Tempo/Estadão Conteúdo)

A jovem que forjou o sequestro do próprio filho e doou o bebê para um casal do Rio de Janeiro só poderá receber visita após dez dias. Renata Soares da Costa, de 19 anos, foi presa nesta terça-feira (26) e encaminhada para o Centro de Remanejamento do Sistema Prisional (Ceresp) Centro-Sul, em Belo Horizonte. Segundo da Secretaria de Defesa Social (Seds), este é o período padrão do sistema carcerário. Durante a madrugada, o pai da criança, o vigilante Jhoney Lima Santos Nulhia, de 24 anos, desembarcou com o filho no aeroporto da Pampulha, em Belo Horizonte. O superintendente de Investigações e Polícia Judiciária da Polícia Civil, delegado Jeferson Boltelho, decretou a prisão em flagrante da mãe após a chegada à capital. Ela ficará detida pelo menos até a conclusão do inquérito, que deve durar até 30 dias. Nos próximos dias, ela vai passar por exames psicológicos para comprovar se está com depressão pós-parto ou algum outro problema de saúde.     Renata Soares da Costa com Jhoney Lima Santos Nulhia (Foto: Reprodução/Facebook)     O quadro depressivo que teria levado a mulher a forjar o sequestro do filho divide opiniões de especialistas. A Valadares, psiquiatra de Saúde Mental de Mulheres, do Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), pode atingir de 10% a 20% das mulheres após o parto.    A professora de psicologia da PUC-MG, Aline Aguiar Mendes, acrescenta dizendo que a doença se apresenta em níveis diferentes de intensidade e tempo. “O quadro pode variar de um simples desânimo ou ansiedade, medos, sensação de estar falhando como mãe a sentimentos ambivalentes em relação ao bebê, como se não conseguisse gostar dele. Em alguns casos mais graves, a mãe pode agredi-lo ou ainda atentar contra a sua vida”, alerta, destacando que a melhor cura é o apoio dos familiares e a ajuda de um profissional.    Apesar de a ciência explicar a depressão pós-parto e fazer entender que ela é um fenômeno, na outra ponta da análise está o Direito Penal, que define como crime sujeito à detenção o abandono de incapaz e o assassinato de recém-nascidos, explica Sérgio Leonardo, advogado criminalista da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB). Segundo ele, mesmo após exames confirmarem o período puerperal, a mulher pode cumprir medida de segurança em um hospital psiquiátrico ou sofrer uma redução de pena.    Renata foi autuada por comunicação de falso crime e abandono de incapaz. Se condenada, pode pegar até quatro anos de detenção.

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