Mão de obra especializada em refazer a história em Minas

Ernesto Braga - Hoje em Dia
19/05/2013 às 08:10.
Atualizado em 21/11/2021 às 03:48

As mãos habilidosas da professora Maria de Lourdes Wanderley, de 59 anos, são treinadas para restaurar o rico patrimônio histórico do país, cenário em que Minas se destaca. Nascida em Furquim, distrito de Mariana, na região Central do Estado, ela cresceu vendo a mãe dar vida nova a obras de arte.

Prestes a se aposentar das salas de aula, Maria de Lourdes escolheu outra carreira para seguir. “Vou trabalhar com restauração ou alguma coisa ligada à arte. Encaro como um desafio a recuperação das coisas de época”, diz.

Para se capacitar, ela dedica quatro horas por dia (de segunda-feira a sábado) ao curso técnico de conservação e restauração da Fundação de Arte de Ouro Preto (Faop), também na região Central, que em novembro completa 45 anos.

Especialidades

Conveniada à Secretaria de Estado de Cultura, a Faop, por meio da Escola de Arte Rodrigo Melo Franco de Andrade, é a única instituição da América Latina a oferecer o curso técnico em três especialidades: pintura de cavalete, escultura policromada e papel. Há 60 vagas para restauradores por ano.

Reconhecido em 2002 pelo Ministério da Educação (MEC), o curso é dividido em quatro módulos e tem dois anos de duração. “Antes de os alunos iniciarem a parte prática, eles têm aulas de arquitetura, filosofia, história da arte e outras disciplinas teóricas. O restaurador precisa emitir um diagnóstico dos objetos antes de fazer as intervenções”, ressalta a presidente da Faop, Ana Pacheco. A teoria é dada no primeiro módulo, assim como simulações em peças não originais.

Até bisturi

A partir do segundo módulo, os alunos têm contato com os objetos “reais”. São telas, imagens sacras e documentos antigos, desde o século XVII, enviados à Faop para restauração. “O restaurador é um cirurgião plástico que trabalha com estética e usa até bisturi”, afirma Ana Pacheco.

Em 2012, foram restauradas 300 obras de 21 municípios e distritos de Minas, mas a Faop recebe também peças de todo o Brasil. Por se tratar de um trabalho minucioso, a restauração dura pelo menos um ano e meio. “Como ritual da formatura, o restaurador devolve a peça devidamente recuperada ao proprietário”, afirma a diretora da escola de arte, Gabriela Rangel.
Segundo ela, 98% dos ex-alunos da Faop estão empregados em obras de restauração pelo país.

Muitos continuam trabalhando na própria fundação. É o caso de Camila de Fátima Pereira, de 21 anos, monitora do ateliê de papel. “Entrei sem saber o que era o curso, mas depois fiquei ‘viciada’. É fascinante porque nada se repete, todo dia é uma coisa nova” diz.
 
Saiba mais sobre o trabalho destes especialistas na http://hojeemdiardp2.digitalpages.com.br/html/shelf/93

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