Métodos modernos, pouco invasivos, favorecem tratamento precoce contra o câncer

Patrícia Santos Dumont - Hoje em Dia
11/04/2015 às 11:04.
Atualizado em 16/11/2021 às 23:36

A tecnologia aplicada a tratamentos contra o câncer tem ajudado a estabilizar os números de mortes pela doença. Diagnósticos precoces associados a métodos mais precisos e menos invasivos são a aposta da medicina oncológica para barrar o avanço da doença, ainda muito prevalente no mundo todo, mas cada vez menos letal.

As taxas de morte por tumores malignos como os de próstata e mama – tipos que mais acometem homens e mulheres brasileiros, depois dos de pele (não melanoma) –, por exemplo, têm se mantido estáveis, nos últimos cinco anos, em todo o país. Em Minas, a situação não é diferente.

Os últimos dados apresentados pelo Instituto Nacional do Câncer José Alencar Gomes da Silva (Inca) mostram que, apesar da alta incidência da doença, revelada, sobretudo, em função dos diagnósticos realizados precocemente, as mortes por tumores malignos, no estado, vêm se mantendo constantes, pelo menos, desde 2008.

Entre o sexo feminino, o câncer de mama, tipo mais letal, vitimou 9,49 mulheres, em 2008, num universo de 100 mil habitantes, contra 10,68, em 2012. Entre os homens, as mortes pela doença na próstata cresceram cerca de 1%, passando de 11,99 casos para 12,26, no mesmo período.

Conhecimento

Hoje, mais de cem especialistas, entre urologistas, radiologistas, radioterapeutas, oncologistas clínicos e anátomo-patologistas se reúnem, em Belo Horizonte, para discutir os avanços no diagnóstico e tratamento do câncer de próstata, doença que, segundo o Inca, acometeu quase 70 mil homens, em 2014. O I Workshop Multidisciplinar de Câncer de Próstata é realizado pela Oncomed, grupo que é referência, em Minas, no tratamento do câncer.

Segundo o oncologista Amândio Soares, um dos diretores da Oncomed e vice-presidente da Sociedade Brasileira de Cancerologia (SBC), a estabilização da letalidade está relacionada a tratamentos direcionados. “Temos, hoje, o que chamamos de drogas-alvos, direcionadas especificamente para alguns subtipos de tumor, individualizadas para cada paciente e tipo de doença”, detalha.

De acordo com ele, doenças descobertas precocemente, em estágios iniciais, têm possibilidade de cura de até 60%.

Comissão

Minas Gerais conta, hoje, com 31 hospitais especializados em tratamento contra o câncer. Em 2014, foram realizadas 13.873 cirurgias oncológicas, 1.265 a mais do que no ano anterior.
 
A estrutura e o atendimento aos pacientes do Sistema Único de Saúde(SUS) estão sendo avaliados por uma comissão especial da Secretaria de Estado de Saúde (SES). “As equipes irão identificar gargalos e aprimorar o serviço”, afirma a coordenadora de Média e Alta Complexidade da pasta, Márcia Dayrell.

Terapia estendida por casas de apoio a pacientes e familiares

Se por um lado a tecnologia cumpre o papel de auxiliar na detecção, tratamento e até na cura dos tumores malignos, por outro, são as casas de apoio que oferecem apoio gratuito, integral e extensivo a pacientes e familiares fragilizados pela doença.

Em Belo Horizonte, há pelo menos seis instituições – a maioria delas com despesas custeadas por doações – que se dedicam a esse trabalho. Oferecem mais do que um local de repouso e aconchego, auxiliam com cestas básicas, suplementação alimentar, medicamentos e todo o suporte especializado necessário para enfrentar o tratamento.

Nesses espaços, pacientes, crianças ou adultos, recebem 100% do que necessitam para lutar e tentar vencer o câncer e contam, ainda, com atendimento de equipes multidisciplinares.

A Casa de Acolhida Padre Eustáquio (Cape), no bairro São Luiz, região da Pampulha, na capital, é uma delas. O trabalho, realizado há pouco mais de um ano, é totalmente gratuito e se estende a pai ou mãe que acompanha o filho (pacientes com até 18 anos).

“Somos os únicos em BH a oferecer atendimento também ao pai que acompanha o filho. Temos capacidade para atender até 60 pacientes, que podem se acolher o tempo que for preciso para manter o tratamento”, detalha Mônica Araújo, uma das voluntárias na administração do espaço.

No bairro Santa Efigênia, na região Leste, é a Casa de Apoio Aura que recebe crianças e adolescentes carentes, do estado todo, em tratamento contra a doença, na capital. A instituição oferece apoio integral também aos familiares. Durante o processo, o espaço se transforma em uma segunda casa dos pacientes e acompanhantes.

O suporte ofertado pelas casas inclui hospedagem, serviço social, de enfermagem, psicologia, terapia ocupacional, fisioterapia, fonoaudiologia, nutrição, além de aulas de artes, oficinas de capacitação, medicamentos, vale-transporte e suprimentos necessários ao longo do tratamento.

Para serem assistidos pelas casas, os pacientes precisam ser direcionados pelas instituições de saúde onde realizam o tratamento, na capital. Em todos os casos, são pessoas de baixa renda, sem condições de arcar com as despesas que incluem o tratamento completo.

 

 

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