Mais de 40 dias de impasse entre taxistas e o aplicativo Uber

Gabriela Sales - Hoje em Dia
11/08/2015 às 06:35.
Atualizado em 17/11/2021 às 01:18
 (Wesley Rodrigues)

(Wesley Rodrigues)

O impasse entre taxistas e o aplicativo Uber em Belo Horizonte deve persistir por pelo menos mais 40 dias. Esse é o prazo para ser concluído um estudo apontando proposta de regulamentação para sistemas de mobilidade como a plataforma de carona paga. O trabalho será coordenado pela Comissão de Trânsito e Transporte da Câmara Municipal e terá a participação de representantes dos permissionários e da BHTrans.

O grupo de estudo foi definido nesta segunda-feira (10), durante audiência pública realizada na Casa. A medida foi adotada em meio ao conflito acirrado entre as duas categorias. No último fim de semana, um homem acabou agredido após o carro do Uber em que estava com a mulher ter sido cercado por três taxistas na avenida Cristiano Machado, Nordeste da capital. O caso está sendo investigado pela Polícia Civil.

Intolerância

O subcomandante da 3ª Companhia do Batalhão de Trânsito da Polícia Militar (BPTran), tenente Paulo Sérgio Barbosa, garantiu que episódios como esse não serão tolerados. “O passageiro que se sentir ameaçado ou for agredido deve acionar a polícia imediatamente. Os motoristas não devem entrar em conflito”, reforçou.

Por meio de nota, o Uber informou ser inaceitável o uso de violência para tolher o direito de escolha do cidadão e que criou um número de emergência para que o motorista conveniado ao aplicativo solicite a presença da polícia nesses casos.

Já o presidente do Sindicato dos Taxistas de Belo Horizonte (Sincavir), Ricardo Faedda, afirmou que os profissionais são orientados a não agir com violência. “Somos contra esse tipo de reação. A orientação é que eles denunciem o transporte clandestino”.

Faedda acredita que a criação da comissão irá possibilitar uma decisão definitiva sobre o caso. “Apenas o táxi é a forma legal de transporte individual de passageiros”, frisou.

Protestos

Durante a audiência pública, a gerente de relações governamentais do Uber, Andrea Leal, disse que a plataforma não irá competir com os táxis. “É mais uma opção de escolha para o usuário”.

Para o presidente da BHTrans, Ramon Victor Cezar, o estudo irá apontar a real necessidade da população em relação aos tipos de transporte oferecidos. “Vamos buscar as melhores experiências e definir uma legislação local adequada para esse problema”.

O estudo, de acordo com o presidente da Câmara, Wellington Magalhães, deverá viabilizar a criação de um projeto único a respeito do tema. “O prefeito Marcio Lacerda concorda com a criação da comissão e a expectativa é a de que em breve saia uma definição legal”.

Sem representante na capital, Uber fica fora da discussão

Uma das partes interessadas, o Uber não foi convidado a integrar o grupo que avaliará a atuação dele na cidade. De acordo com o presidente da Comissão de Trânsito e Transporte, Wagner Messias, o Preto, a empresa não tem representante em BH. “Por causa disso, não conhecem a realidade aqui, não sendo necessária a participação”.

Em nota, o Uber informou que está à disposição para colaborar com informações, estudos sobre o impacto do transporte para a cidade e em outros locais. O aplicativo pede a oportunidade de ser ouvido pelos usuários e taxistas.

Presidente da Comissão de Informática, Direito Eletrônico e Crimes Eletrônicos da OAB-MG, Luis Felipe Silva Freire afirma que a ausência do Uber compromete o estudo. “Para que seja legítimo, é necessária a representatividade de todos. A Câmara e a BHTrans devem manter a imparcialidade”.

Para ele, o aplicativo não pode ser considerado ilegal porque oferece transporte privado. “Ele não é dono dos veículos e nem paga salários aos motoristas. Nesse caso, não cabe multa”.

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