Mais de 60% das mortes de fetos poderiam ser evitadas na gravidez ou no parto

Alessandra Mendes - Hoje em Dia
02/05/2013 às 07:09.
Atualizado em 21/11/2021 às 03:20

Sessenta e dois por cento das mortes de bebês durante a gestação ou no parto, em Belo Horizonte, poderiam ser evitadas. A conclusão é de um estudo realizado no Centro de Desenvolvimento e Planejamento Regional (Cedeplar), da UFMG.

Entre 2008 e 2010, foram registrados 546 óbitos fetais evitáveis na capital mineira, tanto em hospitais públicos quanto em privados. Por trás das mortes, um problema que persiste na maioria dos casos: a falta de atenção à gestante.

Dentre os casos analisados, 46% dos óbitos evitáveis seriam decorrentes da “inadequada atenção à mulher na gestação”, 47% por “inadequada atenção à mulher no parto” e o restante por “inadequada atenção ao feto”.

“É um número preocupante e deve ser visto com maior profundidade. Apesar desses dados, e remetendo à série histórica, registramos melhora. Mas ainda estamos aquém da situação ideal”, avalia o diretor da Associação de Ginecologistas e Obstetras de Minas Gerais (Sogimig), Frederico Peret.


Pré-natal

O problema não é a quantidade de mulheres que não fazem o pré-natal, instrumento de importância vital para diagnosticar riscos na gestação e no parto. Há que se analisar a qualidade do serviço, já amplamente difundido.

“Temos que levar em conta a qualidade do pré-natal, se o risco está sendo identificado e tratado, o número de consultas e análises realizados. A partir daí, traçar uma estratégia de direcionamento de trabalho”, explica Peret.

Componentes de risco, a diabetes e a hipertensão são os maiores causadores de óbitos fetais.
“Uma das falhas que acabam levando ao óbito é a não identificação ou a identificação tardia desse tipo de detalhe crucial”, alerta o diretor da Sogimig.


Diabetes

Foi exatamente por causa disso que Raquel Mourão, de 25 anos, não queria engravidar. Diabética desde os 9 anos, ela tinha ciência dos riscos, mas acabou sendo surpreendida pela notícia da gravidez, no fim do ano passado.

“Desde o início, tomei muito cuidado com a alimentação e outros hábitos. Os três primeiros meses, que é a fase mais complicada, exigem cuidado redobrado”, conta a bacharel em direito, que está no sétimo mês de gestação.

Sem o acompanhamento médico, ela sabe que as chances de uma gravidez tranquila seriam pequenas. “Até para quem não passa por uma gravidez de risco, o pré-natal é imprescindível. É segurança para a mãe e para o bebê”, diz Raquel.


Diagnóstico
 
Nos três anos que serviram de base para a pesquisa, foram contabilizadas 880 mortes fetais em Belo Horizonte.

Além das 62% consideradas evitáveis, foram identificadas 31% por causas mal definidas e 6% classificadas como demais causas de morte.

De acordo com o estudo, “a elevada proporção de mortes evitáveis mostra a necessidade de melhoria da assistência pré-natal e ao parto, bem como de políticas de saúde que enfoquem o atendimento integral à mulher e ao parto”
 
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