Mais de 90% dos casos da síndrome rara ligada à Covid-19 são de crianças sem comorbidades

Luiz Augusto Barros
@luizaugbarros
12/05/2021 às 08:08.
Atualizado em 05/12/2021 às 04:54
 (Peter Ilicciev/Fiocruz)

(Peter Ilicciev/Fiocruz)

Nove a cada dez crianças diagnosticadas com a Síndrome Inflamatória Multissistêmica Pediátrica (SIM-P), possivelmente associada à Covid-19, não apresentam nenhuma comorbidade. Até ontem, a Secretaria de Estado de Saúde (SES) já havia confirmado 99 casos da doença em Minas e duas mortes desde o início da pandemia.

Segundo o infectologista Estevão Urbano, membro do Comitê de Enfrentamento à Pandemia de Belo Horizonte, a síndrome infantil pode ser mais grave e comum naqueles com boa defesa imunológica e saúde plena, pois é baseada em uma resposta inflamatória exagerada ao vírus, atingindo vários órgãos. “A capacidade de produzir inflamação é muito maior em indivíduos sem comorbidades”, afirmou o médico– em 91,1% dos casos as crianças não tinham doenças crônicas. 

Conforme o especialista, a enfermidade ainda é pouco conhecida e apresenta muitas controvérsias. “Pode ser muito grave e fatal e não há uma relação dela com comorbidades”, completou. Os pacientes diagnosticados com a síndrome no Estado têm entre 0 e 14 anos e podem apresentar quadro de insuficiência respiratória grave, além de doença renal e insuficiência cardíaca agudas. Os principais sintomas são febre, manchas vermelhas na pele, conjuntivite, edema nos pés e nas mãos. 

“Pode ser muito grave e fatal e não há uma relação dela com comorbidades”Estevão Urbano - Membro do Comitê de Enfrentamento à Pandemia de BH

Dos menos de 10% que já eram portadores de outras patologias, as mais comuns, segundo Estevão, são imunodeficiências, tumores, doenças congênitas e pulmonares, cardiopatias e diabetes. A maioria das ocorrências da síndrome (53,5%) foi confirmada em menores de 5 anos. Em seguida, vêm aqueles entre 5 e 9, com 40,6% dos registros. Pessoas entre 10 e 14 são 5,9% do total de doentes. Os meninos foram os mais afetados e aparecem em 66% dos casos. 

Ao todo, a Secretaria de Saúde recebeu 314 notificações de crianças com suspeita da enfermidade. Destas, 157 foram descartados e outras 58 seguem em investigação. Dos pacientes confirmados com a enfermidade, 80 já tiveram alta. As vítimas da síndrome eram de Juiz de Fora, na Zona da Mata, e em Esmeraldas, na Região Metropolitana de Belo Horizonte.

Registros

Ao todo, 43 municípios registraram ao menos um caso da SIM-P. Belo Horizonte é a cidade com mais ocorrências até o momento, com 33 confirmações. Contagem, na Grande BH, aparece na sequência, com oito. Montes Claros, no Norte de Minas, e Uberlândia, no Triângulo, têm cinco. 
Betim, também na região metropolitana, tem quatro casos. Sete Lagoas, na região Central, contabilizou três crianças com a síndrome, enquanto Vespasiano, Juiz de Fora, Ipatinga e Nova Serrana, duas. Outras 33 cidades, como Governador Valadares, Ibirité e Uberaba, tiveram um doente.

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