Mais um funcionário da Vale diz em CPI que empresa sabia do risco de rompimento desde o ano passado

Da Redação
01/08/2019 às 17:10.
Atualizado em 05/09/2021 às 19:49
 (Lucas Prates)

(Lucas Prates)

Mais um funcionário da Vale ouvido nesta quinta-feira (1°) na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da barragem de Brumadinho, na Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG), confirmou depoimentos de outros funcionários de que a mineradora sabia do risco de rompimento da barragem da mina Córrego do Feijão pelo menos desde junho do ano passado. 

Segundo o técnico em eletroeletrônica Moisés Clemente, funcionário da gerência responsável pela manutenção e segurança da barragem, naquela ocasião a empresa já havia determinado intervenções não rotineiras na estrutura, com o objetivo de drenar a água para impedir vazamentos. 

Ele disse que entre os dias 11 e 13 de junho de 2018 foi detectada uma movimentação diferente na região da barragem, o que resultou em pelo menos 24 horas de trabalho ininterrupto. “Essa omissão de informação fazia a gente acreditar na segurança e estabilidade da barragem", relatou.  

Durante seu depoimento, Moisés se lembrou, emocionado, dos amigos que perdeu durante o rompimento da barragem e citou o caso de um colega com dificuldade de locomoção que já havia se queixado por ter sido deslocado para um local de trabalho mais perto da área de risco. Ele morreu devido ao rompimento da estrutura. 

Moisés trabalha na Vale há nove anos e contou que, no início, a empresa era "muito diferente do que é hoje". Segundo ele, antigamente, "a preocupação com a vida era muito maior". O trabalhador informou ainda que chegou a participar de treinamentos e palestras, mas não de simulação de campo com rota de fuga.

Para o relator da CPI, deputado André Quintão (PT), o depoimento de Moisés Clemente “é importantíssimo, porque confirma o que a CPI já estava recolhendo em documentos e de outros depoentes”. Segundo Quintão, “em junho de 2018 houve um grave fraturamento hidráulico, com vazamento de água na barragem; houve um mutirão entre trabalhadores de várias áreas para tratarem desse evento”.    

Sobre o depoimento colhido nesta quinta na CPI, a Vale respondeu, por meio de nota, que "as causas do rompimento da barragem B1 estão sendo investigadas" e que "tem apresentado, desde o dia 25 de janeiro, todos os documentos e informações solicitados e, como maior interessada na apuração dos fatos, continuará contribuindo com as investigações".

Acordo prevê R$ 25 milhões para Brumadinho

Um acordo firmado entre a Vale e a prefeitura de Brumadinho, no último dia 29, prevê o repasse de quase R$ 25 milhões destinados à área da saúde e desenvolvimento social de Brumadinho. 

Com o montante, haverá a contratação, pelo período de 24 meses, de profissionais das áreas correlatas, doação de equipamentos para o Núcleo de Práticas Integrativas, aquisição de equipamentos para a Secretaria da Saúde e de Desenvolvimento Social, como uma cama cirúrgica, além de repasses para arcar com demandas reprimidas de saúde pública. 

O documento é um aditivo do Termo de Pactuação firmado entre a Vale e a prefeitura no dia 18 de fevereiro, quando foram repassados R$ 2,6 milhões. 

O prefeito de Brumadinho, Avimar de Melo, disse que o acordo firmado em fevereiro previa seis meses de repasses e terminaria em agosto, mas que não supriu os gastos com as consequências da tragédia e, por isso, foi feito o aditivo. 

"A Vale vai repassar R$ 25 milhões divididos em quatro parcelas semestrais de R$ 6,3 milhões até agosto de 2021. Destes, R$ 812 mil são para pagar mão de obra capacitada e já contratada para o Núcleo de Práticas Integrativas e Complementares e Desenvolvimento Social", explicou. 

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