Manifestantes pró-Bolsonaro ignoram orientações contra o coronavírus e vão à Praça da Liberdade

Patrícia Santos Dumont
pdumont@hojeemdia.com.br
15/03/2020 às 13:51.
Atualizado em 27/10/2021 às 02:57
 (Patrícia Santos Dumont)

(Patrícia Santos Dumont)

Embora tenha sido desestimulado em função das recomendações referentes ao coronavírus, o ato em favor do presidente Jair Bolsonaro, programado para acontecer em diferentes cidades do país neste domingo (15), reúne, em Belo Horizonte, segundo levantamento da Polícia Militar, pelo menos mil apoiadores. Os manifestantes se concentram na Praça da Liberdade, região Centro-Sul da cidade, que teve o trânsito do entorno alterado pela BHTrans. 

O manifesto, organizado pelas redes sociais, foi desaconselhado pelo próprio presidente da República, que pediu aos brasileiros que evitassem aglomerações 
neste momento. Havia a suspeita, inclusive, de que Bolsonaro tivesse contraído o coronavírus, mas ele mesmo anunciou que os exames deram resultado negativo.

Moradora de Carmésia, na região do Vale do Rio Doce, a bióloga Silva Magalhães, de 52 anos, veio a BH especialmente para participar da manifestação, chamada pelos simpatizantes do presidente da República de Bolsonaro Day. "Cheguei ontem (sábado) à noite e volto hoje mesmo. Cinquenta e sete milhões de brasileiros votaram nele e isso precisa ser respeitado. O Maia (Rodrigo Maia, presidente da Câmara dos Deputados) precisa respeitá-lo", disse. 

Os manifestantes acusam o Congresso de perseguir Jair Bolsonaro e de tomar iniciativas para minar o poder do presidente. "Sou a favor da democracia, de o Brasil sair desse lugar de perseguição que temos visto. De a esquerda e a imprensa pararem de persegui-lo. Estamos aqui por ele, que foi escolhido pelo povo. Em 2022, será ele de novo", bradou a dona de casa Inair Ferreira Albojian, de 72 anos, que confeccionou um cartaz em que critica Congresso, Senado e Supremo Tribunal Federal (STF). 

Palavras de ordem

Num pequeno palanque montado no centro da praça, manifestantes gritam palavras de ordem, cantam músicas criadas coletivamente e estampam cartazes e faixas com críticas diversas, mas direcionadas principalmente à Câmara do Deputados. Grande parte dos que participam do ato pró-Bolsonaro também vestem camisetas amarelas, em alusão à cor da bandeira do Brasil. 

Mesmo temendo o contágio pelo coronavírus, a aposentada Marli Ferreira, de 64 anos, não se furtou de participar do manifesto, mas usou uma máscara para se proteger contra o coronavírus. "Estou aqui para defender as pautas do governo. Este ato é um aviso para que os projetos enviados às devidas pastas sejam considerados e, se julgados válidos, aprovados e não simplesmente engavetados, como tem acontecido. O interesse do povo precisa ser respeitado. Não gostaria de ter deixado de vir, e como tenho uma doença autoimune, essa foi a forma que encontrei para me proteger", colocou, justificando a máscara. 

Assim como ela, outros participantes do manifesto deste domingo utilizam o acessório, embora a recomendação do Ministério da Saúde seja para que somente pessoas com sintomas do coronavírus se protejam dessa forma.

Nas redes sociais, o presidente Jair Bolsonaro postou vídeos da carreata em Brasília e na capital do Pará, e de passeatas na praia de Copacabana, no Rio de Janeiro, e em Ribeirão Preto (São Paulo). Na última quinta-feira (12), em pronunciamento veiculado em cadeia nacional de rádio e televisão, o presidente classificou as manifestações como "legítimas" e "expressões da liberdade", mas recomendou que, em meio à pandemia de coronavírus, as pessoas repensassem a ida às ruas. (Com Agência Brasil)

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