Marcha das Vadias levanta bandeira pela legalização do aborto

Aline Louise - Hoje em Dia
20/06/2015 às 16:23.
Atualizado em 17/11/2021 às 00:34
 (Carlos Henrique)

(Carlos Henrique)

A legalização do aborto foi a bandeira central este ano da Marcha das Vadias, que tomou conta da Praça da Liberdade neste sábado (20) e seguiu até a rua Guaicurus, no Centro de Belo Horizonte.

O movimento reivindicou o direto das mulheres de decidirem sobre seu corpo e a interrupção ou não de uma gravidez. Segundo a psicóloga Letícia Gonçalves, uma das representantes da Marcha, o Brasil, como estado laico, deve fazer essa discussão sobre aborto, independente das questões religiosas e opiniões individuais, mas considerando o problema social e de saúde que representa.

Letícia enfatizou que o tema coloca as questões de classe, raça e gênero muito marcadas, porque as mulheres com condições financeiras, principalmente brancas, conseguem acessar clínicas clandestinas, com profissionais de saúde qualificados para oferecer o aborto, ou vão para o exterior fazê-lo. Já as mulheres pobres, jovens e sobretudo negras não têm acesso ao aborto seguro.

“Queremos que o Estado tome para si a responsabilidade de evitar os danos à saúde e mortes de mulheres que se submetem ao aborto, que é a quinta causa de morte materna no Brasil”, ressaltou.

Violência sexual

Para a marcha, Letícia e muitas das participantes estavam vestidas com roupas curtas e justas, deixando o corpo em evidência, também numa forma de protesto. “Se eu saio com essa roupa na rua é porque eu fiz uma opção e tenho esse direito. Esse corpo é meu, não é público. Eu não saio assim par a provocar, não é um convite”, disse.

Letícia reforçou que a marcha enfrenta a violência, com mais destaque a sexual, justamente porque é onde a se percebe a culpabilidade da vítima de forma mais destacada. “Quando uma mulher é estuprada todos querem saber que roupa estava usando, para primeiro localizar a culpa nela e em última instância pensar no agressor. É preciso mudar essa cultura de que nós mulheres somos responsáveis pela violência que sofremos”.

Opiniões

O engenheiro Daniel Fireman, de 32 anos, foi à praça para se juntar ao movimento. “A gente vive numa sociedade machista e esse tipo de iniciativa tem que ter apoio dos homens também”, justificou.

Aos 60 anos, a administradora aposentada Edwirges Lempp fez questão de participar. “A sociedade brasileira é muito hipócrita. Muita gente que fala que é contra o aborto e tem dinheiro, quando precisa paga caro ou vai para o exterior para fazer. E as mulheres mais pobres é que estão sujeitas as carnificinas. O aborto é um direito universal da mulher”.

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