Maridos de pacientes com câncer de mama não buscam ajuda psicológica

Agência Brasil
horizontes@hojeemdia.com.br
16/04/2016 às 21:31.
Atualizado em 16/11/2021 às 02:59
 (FELIPE COURI/ARQUIVO HOJE EM DIA )

(FELIPE COURI/ARQUIVO HOJE EM DIA )

Embora apresentem sofrimento emocional, homens casados com pacientes de câncer de mama não procuram o atendimento psicológico, mostra um estudo desenvolvido pela Universidade de São Paulo (USP) de Ribeirão Preto. A pesquisa constatou que os parceiros chegam a sofrer com depressão e ansiedade, doenças acobertadas pela justificativa de que precisam dar maior atenção à esposa doente.

O autor do estudo, Leonardo Yoshimochi, psicólogo responsável do Instituto de Reabilitação para Mulheres Mastectomizadas explica que esses homens até admitem a necessidade de respaldo psicológico, mas desistem com a melhora no tratamento das esposas. Para o especialista, que trabalha na Escola de Enfermagem da USP, a intervenção de um psicólogo é importante durante a fase difícil.

“O respaldo profissional, principalmente do atendimento psicológico, daria um suporte para eles lidarem com as dificuldades e as impotências deles”, diz Yoshimochi.

O estudo ouviu 10 homens de 48 a 76 anos. Foram avaliados diversos aspectos, a começar pelo impacto na vida das famílias com a descoberta do diagnóstico – visto inicialmente de forma 'desastrosa' por parte dos pacientes.

Evolução

Com o início do tratamento, os maridos passam a demonstrar esperança e aumentam os cuidados, aproximando-se das mulheres. Outros membros da família passam a colaborar, inclusive fazendo com que o marido deixe de ser o principal cuidador. Há também questões como intimidade e sexualidade, diante de uma possível mutilação da mama. “Todo esse processo gira em torno do medo da morte”, comenta Yosimochi.

Em consultório, o especialista percebe que, na maior parte das vezes, as mulheres acabam sendo mais fortes que os parceiros. “Se for para dar uma opinião, eu diria que as mulheres são mais fortes. Às vezes, estão passando pelo problema, pelo tratamento e, muitas vezes, têm um acumulo muito grande de funções. Na maior parte, são mães e têm de se cuidar sozinha”, diz o psicólogo.

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