Maternidade real: celebridades e anônimas desabafam sobre as dores e delícias de ser mãe

Anderson Rocha
12/05/2019 às 06:00.
Atualizado em 05/09/2021 às 18:32
 (Reprodução/ Instagram/ Samara Felippo)

(Reprodução/ Instagram/ Samara Felippo)

A maternidade ainda é tabu: falar, abertamente, sobre as dores da 'função' é coisa rara. Pesquisa realizada pelo Think with Google, plataforma de tendências da gigante de busca, e divulgada neste mês, mostra que apenas uma em cada cinco mães se sente realmente à vontade para falar em público sobre o "padecer no paraíso". 

Por isso, neste domingo (12), Dia da Mães, o Hoje em Dia reúne relatos de famosas e anônimas sobre a maternidade real. Há doses de humor e de coragem, em um bom dia para reflexão sobre o tema.

Não tudo são flores

Para começar, um depoimento engraçado, mas não menos verdadeiro. Durante viagem pela Europa no mês passado, Luana Piovani, a atriz conhecida pela fama de sincerona, gravou um vídeo em que reclamava de viajar com os filhos, Dom, Bem e Liz. Assista:

Samara Felippo

No Instagram, a também atriz Samara Felippo postou um texto em que dizia que amava as filhas, Alícia, de 9 anos, e Lara, de 5, mas não amava tanto ser mãe

E complementou: "eu amo ter coragem de falar isso". "Pra mim a maternidade não é linda, lindo é o amor que nasce junto com eles e toda a parceria que é conquistada", disse na rede social.

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 Isis Valverde

A mineira Isis Valverde, mãe de Rael, de seis meses, aprofundou ainda mais no tema e relembrou as dificuldades em ser mãe e manter um casamento saudável.

"Não tem como você chorar o dia inteiro e dar uma paradinha para transar com o marido. Você está triste. E o homem tem que entender. Mas é preciso cuidar do casamento", disse a atriz, em entrevista a O Globo. 

No seu Instagram, Isis afirmou que, ao tornarem-se mães, as mulheres sentem na "pele a pressão de uma sociedade que insiste em te anular".

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Luciele Di Camargo

Outra artista que desabafou é Luciele Di Camargo, mãe de Maria Eduarda, de 8 anos, e Davi, de 4. No Instagram, Luciele contou sobre seu dilema: se dedicar única e exclusivamente à maternidade ou tentar conciliar isso com outra função/trabalho? E a culpa, nos dois casos, fica onde? 

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Adele e Pitty

As cantoras Adele e Pitty também opinaram sobre o assunto. Em 2017, em entrevista para a revista Vanity Fair, a inglesa - mãe de um menino de 7 anos - afirmou que o puerpério foi o período mais difícil da sua vida. 

"Eu amo meu filho mais do que tudo nessa vida. Mas, todo dia, se eu tenho um ou dois minutos, eu fico pensando em como seria bom se eu pudesse simplesmente fazer o que eu quisesse na hora que quisesse", desabafou a cantora a respeito da maternidade em entrevista para a Vanity Fair em fevereiro.

Para a baiana Pitty, mãe de Madalena, de 2 anos, as pessoas esquecem que as mães são mulheres reais e não santas. "O puerpério é uma coisa sobre a qual ninguém fala. Você está sem dormir, seu corpo está diferente, num tsunami hormonal. Ao mesmo tempo você está fascinada e apaixonada por aquela pessoa ali com você", afirmou, em entrevista a Mônica Bergamo.

Cris Guerra: maternidade é esporte radical

A escritora e palestrante de comportamento Cris Guerra é mãe de Francisco, de 12 anos. Neste vídeo, ela traz reflexões sobre vulnerabilidade da maternidade. Cris está lançando "Escrever uma árvore, plantar um livro - Crônicas sobre a Maternidade", obra que passeia, com humor e poesia, por assuntos como culpa, mercado de trabalho e o jogo de cintura que a maternidade pede, expondo seus pontos de vista, mas se colocando sempre como aprendiz. Saiba mais sobre a publicação aqui.

Leidiane Gomes: meu filho quase comeu cocô

A advogada Leidiane Gomes, 31, é mãe do Bento, de 11 meses. Em um vídeo bem-humorado, a jovem conta que se preparou para o pior, mas que aos poucos entendeu que ouvir menos os pitacos dos outros e mais a si mesma é a melhor fórmula para uma boa maternidade real.

Kátia Parreiras: e esse tal "instinto materno"?

A assistente social Kátia Parreiras, 39, relembra situações difíceis que viveu durante a criação dos dois filhos, Guilherme, de 19, e Breno, de 10, que colocaram em xeque o tal "instinto materno". Ela também conta do desafio de equilibrar as funções de mãe, mulher e profissional. 

 Mini-entrevista com Mirella Patrícia Souza, psicóloga clínica sistêmica, especialista em terapia de casal e família.

HD: A maternidade ainda é um tabu. Se uma mãe fala abertamente sobre as dificuldades da maternidade é considerada uma mãe ruim. Por que isso acontece?

MPS: A mulher protagonizou mudanças sociais e profissionais nessas últimas décadas que impactaram muito no seu papel de mulher e na maternidade. Idealizações, como a de amor incondicional e abnegação, relacionadas a "entregar tudo por alguém", são associadas ao "ser mãe". 

Porém, esse conceito existiu na época em que as mulheres não tinham outra ambição além de serem boas esposas, organizando o lar, cuidando da família e limpando a casa. 

Triunfar hoje para a mulher implica em ser boa mãe, ter uma profissão, ser independente em nível emocional e econômico, ter hobbies, fazer exercícios e ter um parceiro que valorize seu esforço e que esteja junto nas tarefas domésticas e na educação dos filhos.

Nesse modelo de expectativas e exigências altíssimas, quando essa mãe se dá conta de que não está cumprindo com maestria o que seria sua prioridade (a atenção e dedicação exclusiva a seu filho), ela acaba se reconhecendo de uma maneira muito negativa. 

É a “síndrome da péssima mãe”, na qual a mulher acredita que não está sendo uma boa mãe, já que não cumpre com as expectativas impostas pela sociedade.

HD: Como as mães podem vencer essa "síndrome"? 

MPS: É fundamental que as mães não se reconheçam e não se valorizem em função da quantidade de tempo que se dedicam à maternidade. O que deve ser cuidado e priorizado é a qualidade desta relação. 

Não há culpa em compatibilizar maternidade com o trabalho ou por querer ler um livro ou sair para dar uma corrida. 

Aliás, os filhos são mais felizes se têm uma mãe satisfeita consigo mesma. 

Não se engane convencendo-se de que ser mãe é suficiente para se sentir completa.

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