Maternidade segura: Covid-19 requer que futuras mamães fiquem mais atentas às indicações médicas

Luisana Gontijo
lgontijo@hojeemdia.com.br
12/04/2020 às 15:01.
Atualizado em 27/10/2021 às 03:15
 (Samuel Costa)

(Samuel Costa)

A transmissibilidade muito alta do novo coronavírus levanta importantes questões ainda não respondidas com certeza absoluta pela ciência: gestantes podem transmitir o vírus ao bebê ainda no útero? Outra pergunta que os médicos se fazem é se há a possibilidade de filhos gerados por mães infectadas pelo novo coronavírus desenvolverem más-formações, como ocorre em alguns casos de gestantes contaminadas pelo zika vírus, transmitido pelo mosquito Aedes aegypti, mesmo vetor da dengue e da chikungunya.

Casos registrados nos últimos dias assustam. Pelo menos três recém-nascidos foram contaminados pela Covid-19 no país e dois deles morreram. Na Bahia, a professora Rafaela da Silva de Jesus, que morreu no dia 1º deste mês com diagnóstico da doença, deixou a filha de apenas 14 dias também infectada. No dia 2, outro bebê, de três meses, com a doença confirmada, veio a óbito em Iguatu, no Ceará. E, no último dia 7, um recém-nascido com teste positivo para o novo coronavírus morreu em Natal.

O que se sabe
“O que temos neste momento é que grávidas não têm quadro mais severo nem mortalidade maior pela Covid-19. Os trabalhos iniciais, desenvolvidos na China, não mostravam que poderia passar de mãe para o bebê dentro do útero, na transmissão vertical, mas depois do nascimento, a partir do contato da mãe com o bebê. No entanto, há estudos mais recentes que sugerem a possibilidade de a gestante passar para o bebê ainda no útero”, pondera o presidente da Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo), Agnaldo Lopes.

Em avaliação

O médico explica que, como a Covid-19 é uma doença nova, com os primeiros casos identificados na China em dezembro de 2019 – que chegou ao Brasil em fevereiro deste ano –, não deu tempo ainda de saber se quando a mãe é contaminada no início da gravidez, com o bebê em formação, existe o risco de que a criança desenvolva algum tipo de má-formação. Diante disso, o especialista argumenta que quem puder esperar um pouco para engravidar, seis meses, estará sendo mais prudente. Se a mulher está fazendo tratamento de infertilidade, a recomendação é que não dê continuidade agora.

Saiba mais
Diante de tantas perguntas a serem respondidas, avalia o presidente da Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo), Agnaldo Lopes, as principais recomendações às grávidas são no sentido de que façam o isolamento social, mantenham a higiene das mãos – com água e sabão ou álcool em gel –, evitem tocar nos olhos, nariz e boca com as mãos não lavadas, enfim, sigam os mesmos cuidados recomendados a todas as pessoas neste momento de pandemia mundial, para não se contaminarem.

O ginecologista orienta ainda que as gestantes não deixem de fazer o pré-natal, mas que avaliem com seus médicos se podem diminuir a frequência das consultas, para evitarem sair à rua. Segundo Agnaldo Lopes, é possível que a gestante, com acompanhamento médico, tome alguns cuidados ficando em casa, como averiguar sua pressão arterial e a movimentação fetal.

Ao amamentar, a mãe deve manter os mesmos cuidados de higiene com as mãos, estendendo-os às mamas, que precisam ser lavadas com água e sabão antes do toque do bebê. O médico indica ainda que a mulher use máscara.

As grávidas foram incluídas pelo Ministério da Saúde no grupo de risco para Covid-19, segundo o presidente da Febrasgo, muito talvez pelo fato de precisarem das consultas do pré-natal e por representarem duas vidas – a delas e a dos bebês que esperam. Ainda assim, ele frisa que o que se sabe é que gestantes com Covid-19 não costumam desenvolver os quadros mais graves da doença, diferentemente do que ocorreu no ápice da H1N1. 
 

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