Medo da violência ronda comerciantes da Savassi

Letícia Alves - Hoje em Dia
26/11/2015 às 07:12.
Atualizado em 17/11/2021 às 03:05
 (Eugênio Moraes)

(Eugênio Moraes)

Comerciantes da Savassi, na zona Sul da capital mineira, estão apreensivos com o aumento da sensação de insegurança na região. Segundo eles, são comuns assaltos e arrombamentos nos estabelecimentos. As rondas policiais, conforme os lojistas, seriam insuficientes. Na última terça-feira, dois assaltos e um furto em sequência foram registrados na rua Fernandes Tourinho. A ocorrência mais grave foi em uma loja de roupas e calçados masculinos. Agredido pelos bandidos, o proprietário teve prejuízo de pelo menos R$ 40 mil, no 14º assalto dos últimos três anos.

“A Savassi está uma vergonha. O policiamento está zero”, disse a gerente de uma loja de roupas, que também foi alvo dos bandidos na terça-feira. Na última ocorrência, um homem ameaçou as funcionárias e levou o dinheiro do caixa, mas a loja já foi furtada duas vezes. “Com um arame, eles pegam as roupas dos manequins”, contou a gerente.

Outro crime comum é o furto de celulares. “Quando passa alguém correndo e gritando, todo mundo já sabe que pegaram algum telefone”, contou a proprietária de um estande de roupas na Feira Shop da avenida Cristovão Colombo, que pediu anonimato.

Vigilância

Outra reclamação comum é a redução das rondas da Polícia Militar. De acordo com os comerciantes, o efetivo fica restrito no entorno da Praça da Savassi enquanto ruas próximas ficariam desprotegidas.

A reportagem esteve nessa quarta (25) no local, entre 10h e meio-dia, e nenhum policial foi encontrado. Havia apenas poucos agentes da Guarda Municipal, que chegaram depois das 11h.

Para a proprietária de uma loja de bijuterias na rua Alagoas, que pediu para não ser identificada, o quadro reduzido de policiais incentiva os pequenos furtos. Somente este ano, o estabelecimento registrou três casos do tipo.

“Os militares ficam aglomerados e não fazem ronda. Já teve um caso em que tivemos que tirar um rapaz à força de dentro da loja”.

Controvérsia

Para o diretor do Conselho da Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL) Savassi, Alessandro Runcini, há uma preocupação com o efetivo policial para a região. “Houve uma redução por causa das aposentadorias, que não foram repostas”.

Ele considera, entretanto, que a segurança melhorou nos últimos anos, sendo casos isolados os assaltos desta semana. Sobre a sensação de insegurança que ronda a região, o diretor justifica que “tudo o que acontece na Savassi tem uma empatia e uma visibilidade muito maior do que em outros bairros”.

Runcini credita à rede de comerciantes protegidos via Whatsapp um dos fatores que contribuíram com a redução dos crimes na Savassi.

Polícia Militar afirma que, entre janeiro e novembro, criminalidade caiu 20% na região
Contrariando o que os comerciantes da Savassi têm constatado no dia a dia de trabalho, a Polícia Militar (PM) divulgou redução de 20% no número de crimes violentos este ano na região em comparação entre janeiro e novembro de 2014. No mesmo período, o número de roubos a transeuntes também caiu 8,33%. A corporação, entretanto, não divulgou o número absoluto de crimes.

“A Savassi não é um lugar inseguro”, afirmou o major Renato Salgado Cintra Gil, comandante da 4ª Companhia do 1º Batalhão da Polícia Militar, responsável pelo policiamento na região.

Ele reforçou que as ocorrências da última terça-feira foram crimes isolados e não refletem a situação da região. Em 2015, de acordo com o major, a polícia registrou apenas três roubos a estabelecimentos comerciais no bairro.

Sobre a falta de policiamento verificada pela reportagem do Hoje em Dia nessa quarta (25), o comandante informou que a corporação precisou priorizar o acompanhamento de uma manifestação na avenida do Contorno, próximo à rua da Bahia. “Além de fazer o patrulhamento, surgem sempre essas demandas, que a gente tem que atender”.

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