Meta de 2,5 médicos por mil habitantes não tira pequenas cidades da UTI

Danilo Emerich
20/06/2012 às 08:37.
Atualizado em 21/11/2021 às 22:57
 (Dione Afonso)

(Dione Afonso)

A meta do governo federal, de que haja 2,5 médicos para cada mil habitantes, no país, até 2020, poderá não acabar com o déficit desses profissionais fora dos grandes centros urbanos. Além disso, pode comprometer a formação nos cursos de medicina, gerando risco de erros dentro das unidades de saúde.

O alerta é dado por um estudo feito pelos conselhos Federal de Medicina (CFM) e Regional de Medicina do Estado de São Paulo (Cremesp), divulgado no dia 13. O relatório leva em conta o anúncio do Ministério da Educação, que promete criar 2.415 vagas em cursos de medicina, a partir do próximo mês, 800 em faculdades particulares.

O estudo ressalta que os médicos preferem trabalhar no setor privado. Além disso, faltam políticas públicas para atrair os profissionais para as cidades menores.

A projeção para 2020 coloca Minas Gerais como o sétimo Estado com a maior quantidade de médicos. Belo Horizonte ficaria em terceiro lugar entre as dez capitais pesquisadas, com o índice de 9,8 profissionais para cada mil habitantes. A única cidade do interior mineiro contemplada no estudo é Ipatinga, no Vale do Aço, que ficaria com a taxa de 3,69.

De acordo com o relatório, a meta do governo federal só será alcançada em 2027. No entanto, não há estudos científicos que comprovem que a taxa de 2,5 médicos por mil habitantes é a ideal. Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), o número varia conforme o país.

O presidente do Conselho Regional de Medicina de Minas Gerais (CRM-MG), João Batista Gomes Soares, afirma que 211 municípios mineiros não contam com médicos fixos. “O índice preconizado pelo governo federal é falho. Em uma cidade de 20 mil habitantes seriam apenas 50 médicos, que não dariam conta da demanda”. Soares teme a criação indiscriminada de vagas nos cursos de medicina, sem a preocupação com a qualidade do ensino. “Há um déficit de 1.600 docentes nas faculdades públicas e faltam professores no mercado. Por causa disso, o risco de erros médicos pode aumentar”.

O clínico geral Cláudio Terri se formou em 1989, em Barbacena, na região central, e se mudou para BH, em busca de um salário melhor. Ele optou por trabalhar na rede particular. “Pagamos R$ 8 mil para participar de congressos, enquanto o salário gira em torno de R$ 2 mil”, afirma.

Formada em Montes Claros, em 2010, a pediatra Jani Mendes Machado adotou outra estratégia. Ela preferiu ficar na cidade do Norte de Minas, para não se separar da família.

Até o fechamento desta edição, os ministérios da Educação e da Saúde não se manifestaram.

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