Milhares de Aedes aegypti sem vírus da dengue e da febre amarela começam a ser soltos em BH

Luisana Gontijo
lgontijo@hojeemdia.com.br
04/10/2020 às 09:39.
Atualizado em 27/10/2021 às 04:42
 (WMP Brasil / Fiocruz)

(WMP Brasil / Fiocruz)

A partir desta segunda-feira (5), cerca de 275 mil mosquitos Aedes aegypti que não desenvolvem os vírus da dengue, Zika, chikungunya e febre amarela começam a ser liberados em Belo Horizonte a cada semana. O projeto, que usa o inovador Método Wolbachia, será iniciado em três áreas de abrangência da Regional Venda Nova: bairros Copacabana, Jardim Leblon e Piratininga.

A Prefeitura de Belo Horizonte construiu uma biofábrica, no bairro São Francisco (avenida Aveiros, 191), para a produção dos Aedes aegypti com Wolbachia, o que proporcionará maior sustentabilidade para o projeto na cidade, sendo o primeiro município do mundo a dispor dessa estrutura própria.

O Método Wolbachia, iniciativa do World Mosquito Program (WMP), conduzida no país pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), com apoio financeiro do Ministério da Saúde, usa a bactéria Wolbachia para o controle de arboviroses, doenças transmitidas por mosquitos.

A Wolbachia é um microrganismo intracelular presente em 60% dos insetos da natureza, mas que não estava presente no Aedes aegypti, e foi introduzida por pesquisadores do WMP, iniciativa global sem fins-lucrativos que trabalha para proteger a comunidade global das doenças transmitidas por mosquitos.

Quando presente no Aedes aegypti, a Wolbachia impede que os vírus da dengue, Zika, chikungunya e febre amarela se desenvolvam dentro do inseto, contribuindo para a redução dessas doenças. Não existe modificação genética no processo. O Método Wolbachia consiste na liberação de Aedes aegypti com Wolbachia para que se reproduzam com os Aedes aegypti locais e seja estabelecida uma população desses mosquitos, todos com Wolbachia.

O Método Wolbachia tem eficácia comprovada, segundo a Fiocruz em Minas. Um Estudo Clínico Controlado Randomizado (RCT, sigla em inglês), realizado em Yogyakarta, na Indonésia, aponta uma redução de 77% na incidência de dengue em áreas tratadas com Wolbachia, em comparação com áreas não tratadas.

MINISTRO EM BH

O método inovador é mais uma estratégia para o combate à dengue, Zika e chikungunya. O início das liberações será realizado em um encontro que contará com a presença do ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, da representante da Opas no Brasil, Socorro Gross, da presidente da Fiocruz, Nísia Trindade Lima, do secretário de Estado da Saúde, Carlos Eduardo Amaral Pereira da Silva, e do secretário municipal de Saúde, Jackson Machado Pinto.

Será lançado, também nesta segunda, estudo clínico randomizado controlado (Randomized Clinical Trial, RCT) que cobrirá outras regionais, em uma área onde vivem cerca de 400 mil pessoas. Até o fim do ano, deverão ser atendidos os demais bairros contemplados no estudo clínico. O RCT (sigla em inglês) é um estudo complementar ao trabalho de implementação do Método Wolbachia e será conduzido por uma equipe da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).

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