Minas confirma síndrome inflamatória associada à Covid-19 em duas crianças

Renata Evangelista
rsouza@hojeemdia.com.br
07/08/2020 às 11:47.
Atualizado em 27/10/2021 às 04:13
 (Pxhere)

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Febre duradoura, pressão baixa, conjuntivite, manchas no corpo, diarreia, dor no abdômen, náuseas, vômitos e problemas respiratórios. Esses são os sintomas da síndrome inflamatória multissistêmica pediátrica (SIM-P), nova doença que atinge crianças e pode estar relacionada à Covid-19.

No país, até julho, foram notificados 71 casos da síndrome inflamatória multissistêmica pediátrica. Em Minas, conforme a coordenadora do Centro de Informações Estratégicas em Saúde, Tânia Marcial, são dois casos confirmados.

"Temos dois casos em acompanhamento", disse a gestora, durante live com o secretário de Estado de Saúde, Carlos Eduardo Amaral. No vídeo, Tânia destacou que as ocorrências estão sendo monitoradas de perto pela Secretaria Estadual de Saúde (SES) e pelo Ministério da Saúde. 

"A Covid é uma doença muito complexa. Quando a gente pensava que em crianças não teria nenhum problema, a gente agora começa a ver complicações, tanto na população adulta quanto nas crianças", disse. A Secretaria de Estado de Saúde (SES-MG) confirmou que foi informada de dois casos suspeitos no Estado e, no momento, está realizando investigações epidemiológicas. 

"A SES tem orientado aos municípios e aos serviços de saúde para realizar a notificação de qualquer caso suspeito de Síndrome Inflamatória Multissistêmica Pediátrica (SIM-P) potencialmente associada à COVID-19", disse a pasta em nota.

Investigação

Durante a live, os representantes da secretaria revelaram outros sintomas da síndrome. Conforme Amaral e Tânia, a SIM-P causa erupção na pele, sinais de inflamação na boca, mãos e pés, hipotensão arterial ou choque, além de manifestações de disfunção miocárdica e evidência de coagulopatia.

Pediatra nos hospitais Odilon Behrens e São Camilo, Beatriz Adriane Gonçalves explica que ainda não existe um exame específico para diagnosticar a SIM-P. "Tem alguns exames sugestivos, como aumento das provas inflamatórias, além das lesões de pele e da epidemiologia positiva do coronavírus. Tem que fechar alguns critérios para se enquadrar nessa síndrome, que tem diagnóstico clínico", disse.

A especialista reforçou que, até o momento, não foram descritos na literatura médica casos em adultos. A doença ainda é nova e está sendo investigada em todo o mundo. O que se sabe, até agora, é que 100% das crianças com a enfermidade testaram positivo para a Covid-19. 

"É uma associação temporal. Não se tem certeza se essa síndrome é causada pelo vírus. Mas parece que sim devido à positividade pelo vírus em todas as crianças que apresentaram o quadro até agora", descreveu a médica.

O Ministério da Saúde informou que não há evidências concretas de que o coronavírus provoque a enfermidade, mas confirmou que pelo menos parte dos pacientes com a SIM-P apresentavam infecção pela Covid-19 ou tiveram o vírus anteriormente.

Monitoramento

De acordo com o Ministério da Saúde, a SIM-P ocorre em crianças de 7 meses a 16 anos. Até o mês passado, haviam sido notificados 29 casos no Ceará, 22 no Rio de Janeiro, 18 no Pará e dois no Piauí. Foram identificadas também três mortes no Rio de Janeiro. 

No mundo, até o momento foram relatados mais de 300 casos, em países como Espanha, França, Itália, Canadá e Estados Unidos.

Nota de alerta

Em 20 de maio, a Sociedade Brasileira de Pediatria lançou uma nota de alerta com critérios para identificar os casos de SIM-P, entre os quais: paciente com febre persistente, marcadores laboratoriais de atividade inflamatória, com exclusão de outras causas infecciosas. A presença do coronavírus não seria obrigatória, sendo mais comum a presença de anticorpos.

A abordagem terapêutica, segundo a SBP, envolve o uso apropriado de EPI, terapia com antibióticos de acordo com os processos locais, coleta de exames complementares (como hemogramas com plaquetas, urina tipo 1 e eletrólito com bioquímica completa), painel viral respiratório, monitoração cardiorrespiratória precoce e monitoração também rigorosa dos casos de envolvimento miocárdico.

*Com Agência Brasil

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