Minas enfrenta surto da síndrome mão-pé-boca; veja como se prevenir

Renata Evangelista
rsouza@hojeemdia.com.br
11/04/2018 às 16:46.
Atualizado em 03/11/2021 às 02:17
 (Marcello Casal Jr.)

(Marcello Casal Jr.)

Minas Gerais enfrenta o surto de uma doença até então pouco conhecida pela maior parte da população: a síndrome do mão-pé-boca. A doença provocada pelo vírus Coxsackie é altamente contagiosa e afeta principalmente crianças menores de 5 anos. Por enquanto, não existe vacina para combater a enfermidade, mas é possível evitar a transmissão com alguns cuidados simples.

A síndrome mão-pé-boca é facilmente confundida com outras doenças, o que pode dificultar o diagnóstico. Ela provoca feridas e bolhas nessas partes do corpo, sendo que na região da boca ela também afeta a garganta e o pescoço. Apesar de parecer assustadora, a doença tem evolução autolimitada, o que significa que tem um período certo de duração, que varia de 4 a 6 dias.

Neste ano, a Secretaria de Estadudo da Saúde (SES) já detectou surtos da síndrome em São Gonçalo do Rio Abaixo, Catas Altas e Santa Bárbara. Nos três municípios, até esta quarta-feira (11), houve o registro de 107 pessoas infectadas. A doença, porém, já fez vítimas em outras cidades, como em Belo Horizonte. Como a síndrome não é uma Doença de Notificação Compulsória,  apenas os surtos são notificados.

Sintomas

O vírus que causa a doença é transmitido pela via oral ou fecal da pessoa infectada. Por isso, a melhor forma de evitá-la é não beijar, abraçar ou compartilhar utensílios com o paciente. Além disso, especialistas na área de saúde aconselham limpar e desinfectar superfícies tocadas com frequência pelo doente, além de lavar as mãos com água e sabão frequentemente, principalmente após trocar fraldas e usar o banheiro.

Conforme a SES, geralmente a doença começa com febre, entre 38°C e 38,9°C. A partir do segundo dia as lesões aparecem nos pés e nas mãos, mas de forma moderada, pequena e sem dor. Em alguns casos surgem, também, na área das coxas e nádegas, o que pode ser confundido com assadura.

“Um a dois dias após o início da febre, surgem lesões características na boca (Herpangina). Geralmente começam como pequenas manchas vermelhas, que podem ter de 2 a 4 mm de tamanho. A maioria dos casos ocorre de forma benigna e autolimitada e as lesões regridem espontaneamente e sem cicatrizes”, explica Tânia Marcial, referência técnica do Centro de Informações Estratégicas em Vigilância em Saúde (CIEVS Minas) da SES.

Todos esses sintomas costumam desaparecem entre 5 e 7 dias. Porém, as bolhas podem permanecer por até quatro semanas. Mesmo depois de recuperada, a pessoa infectada pode transmitir o vírus pelas fezes pelo mesmo período.Arquivo Pessoal/Divulgação Kamila Queirós contraiu a enfermidade e, sem querer, passou para o filho de 6 meses

Tratamento

“É importante estabelecer o diagnóstico diferencial com outras doenças que também provocam estomatites aftosas ou vesículas na pele. Não há tratamento específico para a síndrome. Em geral ela regride espontaneamente depois de alguns dias. Por isso, na maior parte dos casos, o tratamento é realizado com antitérmicos e anti-inflamatórios com o objetivo de tratar os sintomas", esclarece Marcial.

Ela frisa que, durante o período da doença, o paciente tem que ficar em repouso, alimentar-se bem e beber muito líquido para evitar desidratação.

Susto

Apesar de atingir principalmente crianças, adultos também podem pegar a doença. Foi o caso da assistente contábil Kamila Amanda Dutra de Queirós, de 29 anos. Moradora de BH, ela contraiu a síndrome do pé-mão-boca no dia 8 de março e, semanas depois, passou a doença para o filho, de apenas seis meses.

"Nunca tinha ouvido falar e fiquei apavorada. Primeiro surgiram bolinhas na minhas mãos e pés, mas não me incomodaram. No segundo dia as feridas aumentaram e  apareceu água nas bolinhas. Procurei o Pronto-Socorro no terceiro dia e logo fui diagnosticada com a síndrome", lembrou.

Ela conta que chegou a ficar de cadeira de rodas por não conseguir colocar os pés no chão. Queirós teve que tomar anti-inflamatório e remédio para dor. "Durante o tratamento fui aconselhada a usar luvas para dar banho no meu filho, para não transmitir a doença. Só que na quarta-feira da semana passada o bebê também pegou", lamentou. No filho, os sintomas foram mais leves e, agora, os dois passam bem.

Por causa da síndrome, o pequeno Dom teve que ficar afastado da escolinha. "A amamentação foi mantida por recomendação médica", comemorou a mãe. (Colaborou Francielly Santiago)

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