Sem a obrigatoriedade dos municípios de notificar o governo do Estado sobre a ocorrência de casos suspeitos de zika, Minas Gerais desconhece a real abrangência da doença em seu território. Apenas seis cidades têm o dever de repassar os dados à Secretaria de Saúde, seguindo protocolo do Ministério da Saúde.
As chamadas unidades sentinelas são Belo Horizonte, Pouso Alegre (Sul de Minas), Juiz de Fora (Zona da Mata), Montes Claros (Norte), Teófilo Otoni (Vale do Mucuri) e Uberlândia (Triângulo).
Nesses locais, foram notificados, até ontem, 166 casos suspeitos de zika. Um número que nem de longe demonstra a realidade dos 853 municípios mineiros. Somente em Governador Valadares, por exemplo, no Leste do estado, foram computados oito vezes mais registros suspeitos da doença do que os dados oficiais de Minas.
Segundo a Secretaria de Saúde de Valadares, 1.436 casos suspeitos de zika são investigados neste ano.
Até então, apenas a notificação de suspeitas de microcefalia era compulsória. Na última segunda-feira, no entanto, quase dez meses após o surgimento do primeiro caso no Brasil e seguindo uma orientação federal, o governo mineiro determinou a obrigatoriedade da notificação de zik</CW>a por todos os municípios.
A expectativa é a de que os próximos boletins estaduais, divulgados semanalmente, registrem uma explosão de casos suspeitos da doença.
MAIS QUE O DOBRO
O número de registros de zika em Valadares supera em mais de duas vezes os 629 casos notificados de dengue no município. Motivo que levou a prefeita da cidade, Elisa Costa, a criar um comitê de combate e experimentar uma nova arma: a distribuição de sementes de crotalária, planta que atrai predadores do Aedes aegypti.
Pernambuco, cidade que lidera o número de suspeitas de microcefalia por zika vírus, registrou, até agora, 1.990 casos da doença transmitida pelo mosquito.