Minas Gerais já registra mais de 2.500 mortes por pneumonia em 2016; saiba mais sobre a doença

Álvaro Castro
acastro@hojeemdia.com.br
15/06/2016 às 14:22.
Atualizado em 16/11/2021 às 03:54

A aproximação do inverno e as baixas temperaturas trazem o alerta para as doenças respiratórias como gripe e a pneumonia. Segundo dados da Secretaria de Estado da Saúde, Minas Gerais já registrou 2.519 mortes por pneumonia em 2016, cerca de 17 óbitos por dia, com 9.807 internações.

Segundo o pneumologista Guilherme Cardoso Parreiras, do hospital Júlia Kubitschek, que faz parte da Fundação Hospitalar do Estado de Minas Gerais (Fehmig), os dados não assustam e estão dentro da normalidade. Em 2014, durante todo o ano foram 7.298 óbitos em 70.912 internações e em 2015 8.160 mortes em 66.162 internações.

"Existe uma tendência à piora dos quadros nessa época do ano. O que acontece é que as temperaturas mais baixas favorecem a disseminação de doenças virais, como a gripe, que baixam a imunidade e podem deixar o paciente mais suscetível a desenvolver um quadro de pneumonia", explicou o médico.

Ele chama atenção para os sintomas da doença, que podem ser facilmente confundidos com um quadro de gripe. Segundo explicou o médico, os principais sintomas são uma forte tosse, acompanhada de febre e fortes dores nas costas e falta de ar. Como pacientes mais velhos muitas vezes não demonstram febre ou podem apresentar sonolência, dificulta muitas vezes o diagnóstico precoce.

"Um dos problemas é que em caso de uma pneumonia mais branda ela pode ser confundida com uma gripe comum", explicou. Os principais grupos de risco, assim como no caso da gripe, são as pessoas com mais de 65 anos e as crianças.

Os problemas com o diagnóstico precoce podem levar a um agravamento do quadro, como aconteceu com o músico Daniel Gama, 34 anos, residente do distrito de São Sebastião das Águas Claras, em Nova Lima, região Metropolitana de Belo Horizonte. Ele foi diagnosticado tardiamente com pneumonia em junho do ano passado, durante um período de surto de dengue em Belo Horizonte.

"Foi um diagnóstico super difícil. Eu apresentei sintomas parecidos com dengue e então fui primeiro tratado contra ela. Tive febre muito alta que não cedia e como fui tratado errado ela (a pneumonia) piorou. Como havia um surto grande, não fizeram exames para pneumonia. Depois que o tratamento não funcionou é que fizeram os exames e o raio-x do meu pulmão. A doença me deixou bem debilidado, passei uma semana internado. Começou com um resfriado simples, que evoluiu para sinusite que depois evoluiu para uma pneumonia". Após o correto diagnóstico, ele foi tratado com antibióticos intravenosos e se recuperou da doença.

Prevenção

A principal forma de prevenção à pneumonia é a imunização, tanto contra a gripe, que pode abaixar a imunidade e favorecer o desenvolvimento do quadro, e contra a pneumonia em si. A vacina, diferentemente da gripe, não é oferecida anualmente em campanhas. Ela é distribuída pelo Sistema Único de Saúde em casos específicos, como em pacientes com idade mais avançada ou em pacientes que possuem problemas cardíacos ou
problemas respiratórios.

O médico fez questão de desmistificar a ligação direta entre o frio e a pneumonia. "Esse é um dito popular muito comum. Frio não causa pneumonia. Mas a época do ano favorece as doenças virais. É muito comum a pneumonia aparecer associada a um quadro de doença viral pela questão da imunidade", afirmou.

Pneumonia

Trata-se de uma doença inflamatória no pulmão, que afeta os alvéolos. ela está associada a febre, falta de ar e fortes tosses. Pode ser causada por víruso , fungos, bactérias ou parasitas. Durante o Século XIX foi considerada uma das doenças que mais mortes causava. Apesar de existirem tratamentos e vacinas, ainda é uma grande causa de morte em idosos e crianças, sobretudo em países em desenvolvimento. Ela atinge, em média 450 milhões de pessoas por ano em todo o mundo, resultando em cerca de 4 milhões de mortes.

Outras doenças

O período do inverno favorece a aparição de outras doenças e a transmissão de males como a tuberculose, doença altamente contagiosa. Por ser transmitida por vias aéreas, assim como as gripes, a alta concentração de pessoas em espaços fechados pode favorecer o contágio. Até maio deste ano foram registrados 1.297 casos da doença com 69 óbitos. Em 2014 foram 4.439 casos e 231 mortes e em 2015 4.314 casos e 234 óbitos durante todo o ano.

No caso da gripe, até o dia 9 deste mês foram registrados 2.614 casos de Síndrome Respiratória Grave, desses  171 por Influenza, sendo 158 casos pelo subtipo A, desses 95 por H1N1. São 236 óbitos, desses 43 por Influenza, 23 pelo subtipo H1N1.

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