(Carlos Roberto)
Onze das 20 cidades do país com mais habitantes vivendo sozinhos, proporcionalmente, ficam em Minas Gerais. Em Cedro do Abaeté, na região Central, um quarto dos domicílios são ocupados por apenas uma pessoa, conforme novo levantamento do Censo 2010, divulgado ontem pelo IBGE.
O fenômeno é predominantemente urbano. Quase 90% dessas unidades estão situadas em cidades. Brasileiros que vivem sozinhos somam 6,9 milhões – pouco mais de 12% dos domicílios. Em 2000, o índice era de 8,6%.
De acordo com o IBGE, a maioria das residências é ocupada por homens solteiros ou mulheres viúvas, com mais de 60 anos. É o caso da aposentada Rita de Azevedo Araujo, de 82 anos. Mulher simples, reservada e de hábitos solitários, ela mora sozinha em Dores do Indaiá, na região Centro-Oeste, desde 1997, quando perdeu o marido.
Ela acorda todos os dias às 5h para preparar café, fazer suas orações e molhar as plantas. Quando está em casa, o passatempo preferido é a leitura. “Adoro um bom livro, revistas e jornais”. Apesar de morar sozinha, jamais se sente solitária.
ENVELHECIMENTO
Para o sociólogo Ricardo Ferreira Ribeiro, do Centro de Ciências Sociais da PUC Minas, esse é um fenômeno mundial justificado pelo envelhecimento da população, e Minas acompanha essa tendência. Outras hipóteses são o acesso mais amplo a serviços de saúde e a expansão da previdência.
No Brasil, o número de brasileiros vivendo sozinhos é cada vez maior. Em 2010, os domicílios ocupados por uma única pessoa representavam 12,1% do total. Em 2000, eram 8,6%.
O município gaúcho de Herval lidera o ranking, com 26,3% dos domicílios ocupados por apenas uma pessoa. Já em Porto Alegre, capital onde o fenômeno foi mais comum, a proporção é de 21,4%.
NÚCLEOS FAMILIARES
Por outro lado, 8% dos domicílios do país são habitados por mais de um núcleo domiciliar. Na maioria das vezes, o segundo núcleo é formado por uma mulher com filhos, sem companheiro. Pode ser o caso, por exemplo, de uma mulher que retorna à casa dos pais após a separação do marido, levando com ela o filho pequeno.