Minas Gerais poderia exportar energia solar

Tatiana Moraes - Hoje em Dia
15/02/2015 às 08:43.
Atualizado em 18/11/2021 às 06:02
 (Amadeu Barbosa/Arquivo)

(Amadeu Barbosa/Arquivo)

A indústria fotovoltaica deve deslanchar no Brasil até 2016. O motivo é o leilão A-3 realizado em outubro do ano passado, que surpreendeu e comercializou 1.048 megawatts de capacidade instalada e 202,1 MW médios de energia solar para serem entregues em 2017. Enquanto os empreendedores correm contra o tempo para tirar do papel os 31 novos projetos, a matriz energética brasileira, que possui apenas 0,01% de energia fotovoltaica, vê, no futuro, um salto. Potencial existe e ele é enorme.

Se os telhados das residências mineiras possuíssem módulos (placas) de captação solar para produção de energia, eles seriam capazes de gerar 3,2 vezes o consumo anual do Estado, o equivalente a 32.193 gigawatts-hora (GWh).

Em Minas existem apenas 51 usinas, capazes de gerar 1,7 megawatt (MW). No Brasil, o número é bem maior, mas ainda irrisório frente ao potencial que poderia ser utilizado: 317 usinas produzem 15MW. Se os telhados do país fossem aproveitados, eles seriam capazes de gerar 2,3 vezes o consumo, segundo levantamento da Empresa de Pesquisa Energética (EPE).

A conta é teórica e leva em consideração todas as residências. Porém, segundo o diretor-executivo da Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (Absolar), Rodrigo Savaia, é suficiente para que se tenha um parâmetro sobre o quanto a fonte é importante para a diversificação da matriz energética. E mais: os números dão uma ideia sobre quanto o sol, que incide em abundância no Brasil, é mal aproveitado no país como fonte de energia.

O problema, segundo Savaia, é que a cadeia produtiva não está 100% estabelecida no país e grande parte dos componentes para geração da energia é importado. Como para financiamentos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) é necessário um índice mínimo de nacionalização, a Absolar propôs ao banco um plano progressivo para inserção de itens brasileiros aos componentes. “Mesmo assim, até hoje há apenas uma empresa no país que atingiu tal exigência”, afirma o diretor-executivo.



Interesse nacional

Savaia explica que embora seja interesse do país diversificar a matriz energética, o custo Brasil é entrave à produção dos equipamentos em solo nacional. “O custo para produzir os componentes aqui é entre 20% e 25% mais caro. As empresas viriam para cá pelo financiamento mais facilitado”, afirma.

Como resultado, Savaia comenta que a nacionalização acabaria por “tropicalizar” os equipamentos, criando produtos inovadores. Outra consequência dessa cadeia produtiva em desenvolvimento no Brasil seria a geração de empregos e a redução do preço dos equipamentos, que acabariam por deslanchar a indústria no país.

Valor dos módulos fotovoltaicos deve cair com a produção dos equipamentos em Minas Duas indústrias de equipamentos fotovoltaicos despontam em Minas Gerais. Em Montes Claros, no Norte de Minas, a espanhola Asolar Energy se prepara para entrar em operação no segundo semestre de 2015. No primeiro ano de funcionamento, a empresa espera montar 10 mil placas por mês (os componentes vêm da China). A partir de 2017, a expectativa é a de iniciar o beneficiamento do silício para produzir os módulos no Brasil.

Em Belo Horizonte, uma nova geração de células solares orgânicas impressas está em produção em grande escala pela Csem Brasil. A tecnologia é pioneira no país e recebeu R$ 100 milhões de investimentos até o momento.

Diferenciais

De acordo com o CEO da Csem Brasil, Tiago Alves, entre os principais diferenciais do produto estão a leveza e flexibilidade. Dessa forma, portanto, ele pode ser aplicado em fachadas de prédios, estruturas flutuantes e veículos. Como resultado, a companhia já fechou parceria com a Fiat e a com a Megabil Estruturas Metálicas. “Nosso foco é atuar onde os módulos de silício não chegam”, afirma Alves.

A empresa está entrando na segunda fase de produção. Isso significa que em breve a fabricação vai atingir entre 300 mil metros quadrados e 500 mil metros quadrados de células, o suficiente para produzir algo próximo a 50 megawatts de energia por ano.

Prefeitura de Montes Claros fecha parceria

Um protocolo de intenções assinado em setembro do ano passado pela Asolar Energy e a Prefeitura de Montes Claros começa a sair do papel. A empresa instalou um escritório em um prédio de três andares da cidade para comercialização de módulos fotovoltaicos até que a doação de um terreno de 30 mil metros quadrados pela prefeitura, em tramitação na Câmara dos Vereadores, seja aprovada. De acordo com o diretor da Asolar, Rodrigo Silva, a empresa possui 50 empregados. Em um ano, pelo menos mil pessoas serão contratadas.
 

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