Minas registra o maior número de internações de pacientes com Covid em um único dia: 358

Cinthya Oliveira
cioliveira@hojeemdia.com.br
18/12/2020 às 19:04.
Atualizado em 27/10/2021 às 05:21
 ( Marcello Casal jr/Agência Brasil)

( Marcello Casal jr/Agência Brasil)

Minas Gerais vive um momento bastante delicado no combate à pandemia de Covid. De acordo com a Secretaria de Estado de Saúde (SES-MG), o maior número de internações de casos suspeitos e confirmados de infecção pelo novo coronavírus no estado, desde março, ocorreu nesta quarta-feira (16), com 358 entradas em hospitais no dia.

Neste momento, há cerca de 3 mil pessoas internadas na rede pública do estado, sendo 1.076 em leitos de terapia intensiva. Em algumas cidades do interior, a assistência está quase totalmente saturada, como em Governador Valadares, onde 93,1% das UTIs Covid do SUS estão ocupadas e não há mais vagas na rede privada.

Em Juiz de Fora, a ocupação das UTIs Covid é de 88,3% no SUS e 89% na rede privada. A situação está complicada ainda em outros municípios, como Ouro Preto, Mariana, São João del Rei e Ipatinga.

De acordo com o boletim epidemiológico divulgado pela SES nesta sexta-feira (18), há 35.810 pacientes em acompanhamento no estado (isolamento domiciliar e internação). No dia 30 de agosto, época em que Minas vivenciava um platô da epidemia, eram 31.778 pacientes.

Para o secretário de Estado de Saúde, Carlos Eduardo Amaral, não é possível dizer se o Estado enfrenta outro pico da epidemia porque, embora tenha havido um número de casos confirmados, isso não tem se traduzido em crescimento de óbitos.

“Minas Gerais é o estado com o menor número de óbitos do Brasil, conforme dados do Ministério da Saúde, o que mostra nosso foco total em salvar vidas. Mas nem por isso podemos relaxar. Pelo contrário: é hora de redobrar cuidados, observar protocolos sanitários, fazer uma força extra para sairmos melhores, adiante”, disse o secretário (veja íntegra da entrevista abaixo).

De acordo com o presidente da Sociedade Mineira de Infectologia, Estevão Urbano, os especialistas estão estudando os motivos para o novo crescimento de casos de infectados desde novembro, em todo o país. Mas a principal hipótese é o relaxamento das medidas de distanciamento social por boa parte da sociedade.

“Certamente as flexibilizações contribuíram para o aumento de casos. Mais pessoas foram para as ruas, viajaram, formaram aglomerações. O vírus estava esperando essa oportunidade. A flexibilização é bonita na teoria, mas na prática não aconteceu como esperávamos”, afirmou Estevão.

Segundo ele, a situação é preocupante em várias cidades do interior e há um temor que isso provoque uma pressão na assistência hospitalar de Belo Horizonte. “Ficamos muito preocupados com as cidades que não têm uma assistência robusta, como na capital”, disse.

Confira a entrevista feita com o secretário Carlos Eduardo Amaral:

Estamos tendo um pico da epidemia de Covid maior do que em julho/agosto neste final de dezembro?

Precisamos observar e vamos monitorando todo o cenário epidemiológico em Minas Gerais, mas ainda não é possível dizer se temos outro pico da epidemia. Os números mostram uma elevação, sim, no registro de casos confirmados – que felizmente não têm se traduzido em crescimento de óbitos.  De acordo com a Rede de Atenção à Saúde da Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais, o maior número de internações de casos suspeitos e confirmados de infecção pela COVID-19, no estado, ocorreu e, 16 de dezembro, com 358 internações. Mas há flutuações. Pois estamos vendo um reflexo do relaxamento em algumas condutas, como o afrouxamento na observação dos comportamentos de distanciamento social e a intensificação da circulação.

Poderemos chegar a um ápice de internações em Minas Gerais em janeiro?

Não é de forma alguma o que a Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais projeta e trabalhamos para acontecer exatamente o contrário: queremos ver os números baixarem. Lançamos, recentemente, a campanha “Minas é do Tamanho dos Mineiros”, reforçando, inclusive a necessidade de continuidade ao cumprimento dos protocolos sanitários pois a pandemia é dinâmica e não podemos descuidar. Entretanto, a resposta para esta pergunta depende, também, de outras variáveis.

Primeiro, a ação dos gestores locais, que devem se orientar pela modulação de ondas estabelecida pelo Plano Minas Consciente, que irá indicar a necessidade de medidas mais ou menos restritivas. Os indicadores que o Plano analisa são: Taxa de Incidência Covid-19; Taxa de Ocupação de leitos UTI Adulto; Taxa de Ocupação por Covid-19; Leitos por 100 mil habitantes; Positividade atual RT-PCR; porcentagem de aumento da incidência; porcentagem de aumento da positividade dos exames PCR.

Segundo, o comportamento da sociedade, que não deve relaxar logo agora, que já se passaram 9 meses da pandemia. Todos estão cansados, é compreensível, mas, apesar da época de festas de final de ano, não é indicado de forma alguma fazer festas, reunir grupos e promover qualquer tipo de aglomeração.  O mais indicado é que as confraternizações sejam restritas entre pessoas que moram na mesma casa.

Caso a decisão seja por outro tipo de confraternização, não é o momento de relaxar, de deixar de usar máscara ou dispensar o distanciamento social. Minas Gerais é o estado com o menor número de óbitos do Brasil, conforme dados do Ministério da Saúde, o que mostra nosso foco total em salvar vidas. Mas nem por isso podemos relaxar. Pelo contrário: é hora de redobrar cuidados, observar protocolos sanitários, fazer uma força extra para sairmos melhores, adiante.

 A rede assistencial do Estado está mais preparada para atender os infectados neste momento do que em julho? Temos mais leitos de enfermaria e UTI em todo o Estado?

Certamente estamos mais preparados porque já aprendemos mais sobre a pandemia. A rede assistencial permanece com mais de 3.900 leitos de UTI. Sendo mais exato; 3.957, lembrando que em fevereiro a rede de saúde do estado contava com 2.072 leitos. Isso significa um acréscimo de 1.885 leitos de UTI. Todas as macrorregionais de saúde de Minas tiveram incremento de leitos. E são 20.987 leitos de enfermaria. A taxa de ocupação geral de leitos de UTI está em 68,11% e de leitos de enfermaria está em 68,15%. Em relação aos leitos de UTI, 27,7% das internações são por covid-19 e nas enfermarias a taxa de ocupação está em 9,57%.

É muito importante destacar que ter leitos de UTI disponíveis não significa sinal verde para relaxar nos comportamentos preventivos. Pelo contrário. Quanto mais cuidadosos formos agora, melhor.  É preciso lembrar que o estado tem uma capacidade limitada para abrir leitos; este não é um recurso infinito. 

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