Minas registra pelo menos 16 mortes de profissionais da enfermagem por Covid; metade era de BH

Cinthya Oliveira
cioliveira@hojeemdia.com.br
18/08/2020 às 16:38.
Atualizado em 27/10/2021 às 04:19
 (Lucas Prates)

(Lucas Prates)

Pelo menos 16 profissionais de enfermagem morreram em Minas por causa da Covid-19, segundo o Conselho Regional de Enfermagem (Coren-MG). Dentre as vítimas, metade é de trabalhadores que atuavam em Belo Horizonte. O óbito mais recente foi de um técnico de 35 anos, que trabalhava em um hospital particular da capital.

De acordo com a presidente do Coren-MG, Carla Prado, esse profissional é o mais atingido pela pandemia porque está próximo dos pacientes e, assim, exposto. “Ele presta cuidado o tempo todo, é quem vai dar banho, fazer medicação e conversar com o paciente. Consequentemente, nesse grupo há um número maior de contaminados e profissionais falecidos”, explicou.

Alguns dos profissionais que morreram por causa do novo coronavírus tinham menos de 40 anos e nenhuma comorbidade. Um motivo a mais para que todos os trabalhadores da área da saúde tenham cuidados redobrados. “Inicialmente, as pessoas foram separadas em grupos com mais risco, mas temos visto nas últimas semanas que jovens, mesmo sem comorbidade, também correm riscos”, disse Carla.

Ela lembrou que há outras questões envolvidas no agravamento do quadro de saúde de um infectado. “Ninguém sabe como seu organismo vai reagir. Depende da carga viral daquele contato com o infectado, se a imunidade está baixa. Para algumas pessoas, a doença pode ser devastadora”.

Entre os 16 profissionais de enfermagem que morreram de Covid-19, nove eram mulheres e sete eram homens. Embora as mulheres sejam maioria entre as vítimas, os números mostram que a situação é mais grave para os trabalhadores homens – já que as mulheres representam 87% da área de enfermagem em Minas.

E a população pode colaborar com os profissionais de saúde. Segundo Carla, quem tiver que procurar assistência em um hospital ou centro de saúde, deve usar máscara da maneira correta, usar álcool em gel com frequência, além de evitar tocar objetos e pessoas. “E o profissional que atender o paciente vai tomar os mesmo cuidados”, adiantou Carla.

Condições de trabalho

Além da exposição ao novo coronavírus, a rotina intensa de trabalho também contribui para que os enfermeiros adoeçam mais, segundo Carla Anunciatta, presidente do Conselho Municipal de Saúde de Belo Horizonte (CMS-BH).

“Os profissionais da enfermagem recebem salários muito baixos e a maioria tem mais de dois, três empregos para conseguir sobreviver. Trabalham muito e ficam completamente exaustos, com a imunidade baixa”, explicou.

Segundo ela, haverá nesta quinta-feira (20) reunião da Câmara Técnica de Gestão de Força do Trabalho, do CMS-BH, e as mortes de oito técnicos em enfermagem da capital mineira em três semanas estarão na  pauta.

Recomendações

De acordo com a Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais (SES-MG), pelo menos 4.853 profissionais de saúde do Estado já testaram positivo para o novo coronavírus, entre médicos, fisioterapeutas, psicólogos, enfermeiros e técnicos de enfermagem de hospitais, centros de saúde, laboratórios e farmácias privadas. 

"A SES-MG acompanha com atenção a situação dos profissionais de saúde infectados com a covid-19 no Estado. O Centro de Operações de Emergência em Saúde Pública (Coes Minas Covid-19) elaborou a nota técnica nº 44/2020, na qual estão presentes uma série de recomendações para contenção da transmissão da Covid-19, voltadas especificamente para esses profissionais. A Secretaria também reforça as recomendações do uso de equipamentos de proteção individual, como máscaras, luvas, capotes, gorros e itens de higienização (álcool gel e sabão). Para os profissionais infectados, a SES-MG mantém determinações de afastamento por 10 dias, em casos de aparecimento de sintomas", informou a secretaria. As recomendações podem ser conferidas aqui

A pasta reforçou ainda que profissionais de saúde estão incluídos nos critérios de testagem da rede pública, definidos pelo Ministério da Saúde. "No caso de testes rápidos, devem ser testados todos os profissionais de saúde em atividade, seja da assistência ou da gestão. Já para os testes PCR, devem ser testados todos os profissionais de saúde sintomáticos".

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