(Corpo de Bombeiros – Divulgação)
Só em agosto deste ano, o Corpo de Bombeiros atendeu a uma média de 125 incêndios florestais por dia em Minas – cerca de cinco a cada 60 minutos. Foram 3.899 ocorrências, contra 3.177 no mesmo mês de 2019. O aumento foi de quase 23%.
O cenário crítico deve durar até outubro. Em setembro, focos em várias partes do Estado tiveram como causa principal, estimam especialistas, a ação humana. Essa, inclusive, é a hipótese para as queimadas que destroem, há cinco dias, a Serra da Moeda, na Grande BH.
Porém, uma frente seca que atua sobre o território desde a semana passada potencializa a destruição. E o que está ruim pode piorar, alerta o Rodrigo Bueno Belo, coordenador operacional da Força-Tarefa Previncêndio e gerente de Prevenção e Combate a Incêndios Florestais do Instituto Estadual de Florestas (IEF). “A partir de quarta (amanhã) deve piorar, com níveis mais baixos de umidade relativa do ar. A previsão de uma frente úmida é só a partir de domingo”, disse.
O alívio, no entanto, só deve chegar com o temporada chuvosa, no fim do próximo mês. “Estamos na época mais crítica. O fim do período de estiagem tem vegetação mais seca e umidade do ar mais baixa”, explica o tenente Lucas Silva Costa, do Batalhão de Emergências Ambientais e Resposta a Desastres (Bemad), do Corpo de Bombeiros.
Dificuldades
O clima aliado aos focos em áreas de difícil acesso dificultam o combate na Serra da Moeda, destaca o militar. Segundo ele, as equipes, formadas por bombeiros e brigadistas, precisam se deslocar em helicópteros e a propagação das chamas está em rápida velocidade.
De acordo com a corporação, pelo menos sete focos foram identificados ontem na área. A expectativa é a de que hoje, pela manhã, seja feito um sobrevoo para traçar as ações.
“O cenário é muito triste. O cerrado (formação da Serra da Moeda) é um bioma aberto, que tem vegetação sazonal e em determinada época do ano fica bem seca, geralmente de julho a setembro. Nessas áreas, os registros de fogo são históricos, mas estão bem maiores atualmente. E, nesta época, causada por atos criminosos”, frisa o professor Ubirajara Oliveira, do Instituto de Geociências (IGC) da UFMG.
Tecnologia busca prever queimadas e planejar combate
Prever os incêndios florestais para planejar o combate de maneira assertiva. Esse é o objetivo de uma tecnologia gratuita que está sendo desenvolvida pelo Centro de Sensoriamento Remoto (CSR), da UFMG, e que visa reduzir as queimadas no cerrado.
De acordo com os pesquisadores, o modelo é capaz de estimar quando, onde e com que intensidade o fogo irá se espalhar nas áreas de maior risco. “A ideia é apoiar os brigadistas, principalmente em unidades de conservação, frisa o professor Ubirajara Oliveira, do Instituto de Geociências (IGC) da Federal mineira e membro do CSR.
Os dados estarão disponíveis em um mapa on-line, que está sendo aperfeiçoado. “A ferramenta se atualiza sozinha, duas vezes ao dia, em uma simulação que antevê o que vai acontecer nas próximas 24 horas. Pelo satélite, com dados do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais), sabe-se onde estão os focos e é possível prever para onde irão se alastrar e se serão intensos ou não”, explica o docente.
Assim, ainda segundo Ubirajara, é possível planejar melhor como será o combate e agir de forma mais eficiente. Segundo o professor, a tecnologia poderá ser manuseada por qualquer pessoa.
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