Mineira que teve 94% dos pulmões comprometidos por Covid tem alta com filha recém-nascida

Anderson Rocha
@rocha.anderson_
01/06/2021 às 17:39.
Atualizado em 05/12/2021 às 05:04
 (Lucas Prates/ Hoje em Dia)

(Lucas Prates/ Hoje em Dia)

Após quase 60 dias internada devido a complicações graves da Covid, período em que passou por um parto de risco, teve 94% dos pulmões comprometidos, enfrentou uma trombose e superou infecções, a autônoma Lívia Barbosa de Souza venceu a batalha contra o coronavírus. Ela recebeu alta nesta terça-feira (1º), dia em que completa 35 anos. A bebê, Júlia, que nasceu prematura, com 29 semanas e 3 dias de gestação, precisou ficar na UTI, mas também foi liberada hoje.

A surpreendente história de superação representa um recomeço, mas traz desafios: Lívia ainda não consegue andar, está com a imunidade baixa e segue com o tratamento médico. Debilitada, precisa de repouso. Dificuldades que certamente serão superadas, aposta quem acompanha a história. A comerciante Amanda Aguiar, cunhada de Lívia, que esteve ao lado da paciente durante todo o processo, acredita que a vitória só foi possível após muita fé.

A família é de Curvelo, na região Central de Minas. No fim de março, Lívia contraiu o coronavírus e começou a passar muito mal. Foi a um hospital, com febre e dor de cabeça, mas recebeu a orientação de retornar para casa. O quadro, porém, não melhorava e ela precisou de novo socorro.

Em 1º de abril, com nível baixo de oxigênio no sangue, foi internada e, quatro dias depois, precisou ir para o Centro de Tratamento Intensivo (CTI), ainda em Curvelo. A família tentava uma transferência, já que havia a chance de um parto prematuro e os hospitais de Curvelo não tinham UTI neonatal.Lucas Prates/ Hoje em Dia

Lívia ganhou alta nesta terça-feira (1°)

A busca por um leito não foi fácil. Os familiares chegaram a conseguir uma vaga em Diamantina, mas ela foi preenchida devido a um caso grave de última hora. Por fim, com o apoio do ginecologista obstetra Clóvis Antônio Bacha, amigo da família e coordenador de Alto Risco da Maternidade da Unimed-BH, no bairro Grajaú, na região Oeste, Lívia foi transferida e intubada.

Em 18 de abril, a bolsa dela rompeu. Como estava com muita febre, os profissionais aguardaram um dia e fizeram a cesariana. Amanda precisou se desdobrar para acompanhar a cunhada na UTI, internada por Covid, e a sobrinha, levada à UTI Neonatal.

Após o parto, Lívia apresentou melhora, mas o quadro logo viria a piorar. Ela desenvolveu infecções secundárias, que são comuns nesses casos devido à permanência por muitos dias intubada. "A Covid se limita por duas ou três semanas. Depois disso, quem permanece em complicação pode ter problemas secundários", explicou Clóvis Antônio Bacha. O caso era tratado, mas a mulher desenvolveu um quadro de trombose na pélvis, o que também dificultou a recuperação.

Melhora e alegria

Com muita fé, toda a família se uniu em orações. O quadro de alto risco e muitas dificuldades foi se convertendo em melhora gradativa, com o desfecho dois meses depois. Neste período, a paciente ficou também sob os cuidados da médica Maria Aparecida Braga, coordenadora da UTI adulto na unidade Grajaú da Unimed-BH. 

"Lívia precisa fazer fisioterapia, tomar remédio para trombose e ter diversos cuidados, já que está com a imunidade muito baixa. Apesar disso, estamos muito felizes", contou Amanda, que deixou a filha, de 8 anos, com a avó durante esses dois meses. "Minha recompensa é ver mãe e filha saindo juntas do hospital", completou.

"Não dá nem para descrever a emoção. É um misto de felicidade, de saber que Deus está presenteando a Lívia neste dia, que é o aniversário dela, em mais uma oportunidade de viver conosco. Foram 60 dias de muita luta, sofrimento, choro. De viagens para cá e para lá, de desespero, mas no final deu certo", relatou o marido de Lívia, o autônomo Manoel Rosa de Aguiar Neto, de 33 anos.

Veja o vídeo feito pelas enfermeiras da unidade de saúde comemorando a recuperação de Lívia:

A mamãe Lívia, de volta em casa, faz companhia ao outro filho, João Manoel, de 3 anos. "Mamãe está feliz e eu também", disse o menino. "O aniversário é dela, mas o presente é nosso. Nosso filho estava morrendo de saudades. A noite era um dos piores momentos, ele sempre chamava pela mãe", disse o pai.

Para o ginecologista obstetra Clóvis Antônio Bacha, o sucesso do caso foi possível graças, sobretudo, a dois fatores: a equipe médica e a fé. "O principal é a estrutura hospitalar e a atuação multidisciplinar. Nossa maternidade virou um lugar em que a evolução do conhecimento foi rápida o suficiente para poupar vidas. Mas é uma questão a se atribuir a Deus, viu? Essa paciente teve várias oportunidades de falecer", finalizou.

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