Mineiro nomeado fiscal da ONU critica punição a quem desperdiça água

Renata Galdino - Hoje em Dia
23/11/2014 às 08:59.
Atualizado em 18/11/2021 às 05:08
 (Frederico Haikal/Arquivo Hoje em Dia)

(Frederico Haikal/Arquivo Hoje em Dia)

Em meio à pior crise da água vivenciada no Brasil, punir com medidas severas quem desperdiça, como por exemplo suspender o fornecimento do serviço, pode não ser a solução mais eficaz para conscientizar a população da necessidade de economizar. Por outro lado, o poder público precisa estimular as boas práticas ambientais.    A avaliação é do professor aposentado da UFMG Léo Heller, mineiro de Belo Horizonte, recentemente nomeado para o cargo de relator especial do direito humano à água e ao esgotamento sanitário, função subordinada à Comissão de Direitos Humanos da ONU, sediada em Genebra (Suíça).   Heller é o entrevistado do Página 2 Entrevista desta segunda-feira (24). A crise da água, a avaliação do primeiro ano do Plano Nacional de Saneamento Básico (Plansab) e as expectativas para o cargo de “fiscal” da ONU serão alguns dos temas tratados.   O professor assume a função na entidade internacional no momento em que, como prefere frisar, a temática crise da água é mundial. Mesmo não tendo uma avaliação mais precisa sobre a eficiência de se multar quem gasta mais ou premiar quem economiza água, o docente é categórico ao afirmar que rejeita discursos que culpam apenas as pessoas comuns pelos atuais problemas ambientais.    “Cortar a água de uma pessoa não é um caminho possível. Não sou da linha de ficar punindo, mas de ter uma atuação mais construtiva para mostrar o que é recomendável fazer, estimulando as boas práticas e as incentivando”, diz Heller, que começará efetivamente os trabalhos na ONU em 1º de dezembro.   Para ele, o poder público pouco fez para orientar a população. “Que incentivo temos para trocar o vaso sanitário por um com dois botões, um para urina e outro para fezes, de forma a economizar na descarga, que é onde mais se consome água tratada na casa? Ou para mudar completamente a instalação predial para captar água da chuva para alimentar o vaso?”.

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