Ministério investiga se óbitos por febre amarela em Minas foram provocados por vacina

Renata Galdino e Alessandra Mendes
horizontes@hojeemdia.com.br
18/01/2017 às 20:51.
Atualizado em 15/11/2021 às 22:28

O Ministério da Saúde investiga se quatro das oito mortes por febre amarela confirmadas ontem por exames laboratoriais em Minas Gerais teriam sido causadas após as vítimas receberem a vacina contra a doença. Nos demais óbitos, comprovou-se transmissão pelo mosquito em área rural. Até o momento, 206 casos suspeitos e outras 45 mortes no Estado estão pendentes de análises clínicas.

Apesar da suspeita, a possibilidade de febre amarela vacinal é considerada pelo governo como um “evento raro”. O número de casos de morte relacionadas à vacina, conforme a União, varia de um em cada 400 mil doses ou um a cada um milhão de doses, de acordo com a metodologia da pesquisa.

Diretor do Departamento de Vigilância das Doenças Transmissíveis do ministério, Eduardo Hage reforçou que raramente a vacina, produzida a partir de vírus vivo atenuado, causa febre amarela. “Nos últimos anos não tivemos casos (do tipo). Mas, em situações de vacinação de grande número de pessoas, pode vir a ocorrer, e em especial, muitas vezes em pessoas que não teriam indicação de vacinação”, explicou.

Professor da UFMG, o infectologista Unaí Tupinambás reforça que a imunização é bastante segura, recomendada pela Organização Mundial de Saúde (OMS) e vem sendo usada há anos. “O que há são contraindicações que devem ser observadas para crianças, idosos e portadores de doenças crônicas ou que fazem uso de medicações que reduzem a defesa do organismo. Para essas pessoas, o mais indicado é não ir ao locais com possibilidade de contaminação ou se prevenir usando roupas e repelentes”.

O especialista afirma não haver motivo para pânico nem para deixar de se vacinar. Agora, segundo Tupinambás, é preciso saber se as mortes decorreram da imunização ou se, de fato, havia contraindicação para o paciente. “Se a pessoa havia tomado duas doses em curto espaço de tempo ou se ocorreu outra interação medicamentosa”, completou.

Por meio da assessoria de imprensa, a Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais (SES-MG) informou não haver motivo para alarde da população, porque a vacina é totalmente segura. A pasta deve se pronunciar hoje sobre a situação.

Surto

O ministro da Saúde, Ricardo Barros, evita falar em epidemia da doença. De acordo com ele, há no momento um “surto localizado” de febre amarela em Minas. “A situação está sob controle”, disse.

Em comunicado publicado na internet, a SES-MG informou estar preparando uma documentação que será enviada ao governo federal. Dentre as demandas, o Estado irá pedir ajuda da Força Nacional nos municípios com surto de febre amarela para conter o avanço da forma mais grave da doença.

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