Missa em homenagem às vítimas de Brumadinho é marcada por protestos

José Vítor Camilo
22/02/2019 às 19:47.
Atualizado em 05/09/2021 às 16:41
 (José Vítor Camilo)

(José Vítor Camilo)

Aconteceu na noite desta sexta-feira (22), na Igreja São José, no Centro de Belo Horizonte, uma missa em homenagem às vítimas do rompimento da barragem em Brumadinho, na Região Metropolitana de BH. A cerimônia religiosa foi marcada por protestos contra a mineradora Vale, responsável pela tragédia que deixou 177 mortos e 133 desaparecidos.

Cruzes com os nomes e algumas informações dos mortos na tragédia estavam na porta da igreja, ao lado de um telão que mostrava o momento da ruptura da barragem. O Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) espalhou flores e velas pela escadaria da tradicional igreja, acompanhadas dos nomes das mais de 300 vítimas. 

Antes do início da missa, índios pataxós da aldeia Naó Xohã, que fica entre São Joaquim de Bicas e Brumadinho, às margens do falecido rio Paraopeba, cantaram algumas músicas tradicionais e falaram para os presentes.

"Se tem uma coisa que não podemos esquecer é a nossa cultura, porque se não nós vamos acabar. Temos o maior orgulho de ser índios. A gente está em luta, mas uma coisa que a gente não esperava era morrer aquele rio, o nosso sustento. A gente fica muito triste, mas vou falar uma coisa: eu sou contra a mineração no Brasil", afirmou o cacique Soim.

A pataxó Angohô criticou as pessoas que tiravam fotos em frente às homenagens. "Tem gente acha do bonitinho, tirando selfie, enquanto nós fazemos um ritual pelas pessoas que morreram, pelos espíritos que não aceitam a forma como foi", reclamou. 

Alexsandra, integrante do MAB, aproveitou o ato para pedir união contra a mineradora. "A gente acredita que a forma como a mineração funciona hoje só é bom para eles lucrarem. Nós não podemos esquecer Brumadinho como estava acontecendo com Mariana", concluiu.

Durante a celebração da missa, o padre Renê Lopes, pároco da Matriz de São Sebastião, de Brumadinho, se emocionou. "Sou um pároco que abriu os braços e entregou, de uma só vez, a Deus mais de 300 filhos", disse às lágrimas.

Segundo ele, mesmo após quase um mês da tragédia, "o sentimento é o mesmo do dia 25 de janeiro de 2019. Tantas vidas interrompidas e temos que recomeçar com o que sobrou de nós, com o que sobrou que barragem nenhuma poderá tirar de nós: a fé", disse Lopes.

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